sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Friends

Eles haviam se separado há 8 meses, e desde então nunca mais tinham se falado. Mas numa madrugada qualquer, chegando da balada seu telefone tocou.

- Alô.
- Alô.
- Oi.
- Então…
- Calma. Aconteceu alguma coisa? Porque você está me ligando?
- Nada.
- Então?
- Então, sabe aquele episódio do Friends, que o Ross e o Joey…
- Dormem juntos no sofá?
- Isso!!!
- Sei.
- Aquele episódio está no seu Top 5 de todas as temporadas.
- Fácil! É muito bom, principalmente quando o Joey admite pro Ross…
- Que foi o melhor cochilo da vida dele!
- É! E no fim o Chandler ainda pega os dois repetindo a soneca.
- É!!! Esse final é fantástico.
- Muito. Mas, porque está falando disso?
- Ah, porque hoje eu estava com um pessoal que nem achava tão bom, na verdade alguns deles nem lembravam desse.
- Como assim não lembravam? Esse é um clássico.
- Não é?
- Muito. Junto com aquele que o Chandler não consegue tirar foto pro casamento, ou aquele do “Is this friendship?”
- “I think so!” Nossa, muito bom esse também.
- Fantástico.
- Ah que bom. Estou mais tranqüila agora.
- Que bom. Sabe o que eu lembrei?
- O que?
- Esses dias estava numa balada, e do nada surgiu um papo sobre natureza, e como o verde é bom, essas bobagens. Numa boa, todo mundo concordando.
- Que bosta.
- Não é?
- Muito. Eu também vivo encontrando com gente que adora cavalo, boi, e ainda dizem que suas comidas preferidas são salada de pepino.
- Qual o problema dessa gente? Nunca comeram um bom hamburger?
- Ou uma pizza congelada antes de dormir?
- Duas né.
- Ok, ok.
- Putz. Bem lembrado. Faz séculos que não como pizza congelada.
- Eu também.
- Acho que desde que…
- …nós terminamos.
- É.
- É.
- Você está bêbada?
- Muito.
- Eu também.
- É a vida.
- É.
- Então tá bom.
- Boa noite.
- Boa noite.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sou legal, não tô te dando mole



Na primeira vez que vi essa comunidade no orkut pensei: Mentira! Mulher que fala isso está mentindo. Mas apurei meu raciocínio e reconsiderei. Não é mentira, é meia-verdade, ou no mínimo um nome mal construído. Na verdade, o que elas querem dizer é “Sou legal, não quero ficar com você”.



Minha experiência com mulheres não é a maior do mundo, mas suficiente para dizer que sim, as mulheres sabem muito bem quando estão dando bola ou não. Afinal, desde que começaram a olhar para os meninos lá no ginásio, estão acostumadas a serem abordadas por homens interessados nelas com segundas intenções. Falando então de mulheres da minha idade, na faixa dos vinte e tantos anos, são no mínimo 15 anos de observação. Não é possível que não tenham entendido ainda o que nos faz as abordar.



Acredito não ser possível porque mulheres são bem diferentes dos homens. Elas mesmas vivem dizendo que a maioria de nós somos iguais. E em parte é bem verdade. Ainda que tenhamos diferenças claras, na essência temos os mesmo instintos. Diferente das mulheres que tem cada uma seu “princípio-ativo”. Homens não entendem, nem nunca entenderão as mulheres, podem entender algumas, mas todas? Nunca.



Homens são simples, faça o teste, apareça pelada na frente de qualquer um, se você não for algo exageradamente diferente do que o atrai, a reação será a mesma. Mulheres não, tem cada uma seu processo, seus pedaços, seus pontos fracos. Por mais que também dividam algumas características com as outras de sua “espécie”, manifestam de maneiras completamente diferentes.



Isto posto, aguardo argumentos que comprovem que uma mulher não tenha como saber se está dando bola ou não. Não são todos os homens que tem discernimento para entender que uma mulher pode muito bem dar bola sem querer ficar com ele.



Mulheres que dão bola sem querer nada, o fazem por diversas razões. Algumas querem que todos babem por ela, outras querem apenas atenção, mas a maioria não pensa nas conseqüências do que está fazendo. São naturais, são elas mesmas, e acabam pagando por isso. Justo? Não sei, mas por séculos, foi responsabilidade do homem cortejar a mulher, e fazemos isso no escuro, com a ajuda no máximo de um olhar, portanto não sejam duras conosco, não é fácil saber o que vocês querem.



Meninas legais do mundo, nós te entendemos, mesmo dando bola, podemos relevar e não julgá-las por insinuar algo que na verdade não querem. Mas nos agüentem, ou prestem mais atenção quando quiserem chamar um homem para jantar, dançar sensualmente, pegar demais ou ligar para eles quando estiverem bêbadas. Não lemos mentes, e já que é para adivinhar algo, vamos pensar no que for mais interessante para nós.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Top secret

- E aí? Quem você tirou?
- Como assim quem eu tirei? Isso é pergunta que se faça?
- Pô diz aí. Vai ficar de frescura?
- Não é frescura. É amigo secreto. Coisas secretas devem ser mantidas em segredo.
- Ah! Frescura!
- Se é frescura fala o seu então.
- O meu o quê?
- O seu amigo secreto. Quem você tirou?
- Eu falo o meu se você falar o seu.
- Eu falo o meu se você falar o seu.
- Fala o seu primeiro.
- Não fala você.
- Não, eu perguntei primeiro.
- Então eu não falo nada.
- Então ta.
- Então ta.
- ...
- ...
- Fala aí vai.
- Mas que saco.
- Por favor
.- Mas porque você quer tanto saber.
- Porque sim.
- Me dá uma boa razão que eu falo, do contrário não.
- Não sei se poderia te falar.
- O que? O que você sabe?
- Não posso dizer.
- Porque não?
- Poderia te envolver demais nisso.
- Nisso o que minha nossa senhora?
- Sabe o que é...
- O que?
- É uma parada secreta entende?
- Que parada? Me conta cara, você está desconfiado de alguma coisa?
- Bem, não sei se eu poderia te falar maas...
- O que, o que?
- Eu suspeito que os resultados foram manipulados.
- Manipulados? Mas como assim?
- Acho que o sorteio não foi isento.
- Isento?
- É.
- E o que isso significa.
- É o que estou tentando descobrir. O Jader disse isso pra mim e não tenho idéia do que ele quis dizer, mas pretendo descobrir.
- Parece grave.
- Ô!
- Nossa.
- É.
- Salafrários.
- Nem me diga.
- Precisamos apurar isso.
- É, me diz aí quem você tirou.
- Não posso.
- Porque não? Você acabou de dizer que temos que apurar isso.
- Eu sei, mas...
- Mas o que?
- Você pode ser um deles.
- Eu? Um deles? Como assim?
- É. Você sabe demais.
- O Jader que me contou.
- Isso é o que você diz.
- Ah vai. Pára de bobagem.
- Não é bobagem. Não posso tomar nenhum partido antes de saber com quem estou lidando.
- Como assim saber com quem está lidando? Sou eu pô!
- Será?
- Será o que?
- Que é você.
- Lógico que sou eu. Você não me conhece?
- Não sei cara. Nesses jogos de espiões tudo é possível.
- Cara, o que você está falando? Que espião? Estamos falando de um amigo secreto.
- Exatamente.
- O que?
- Secreto. Sei como essas coisas são levadas a sério.
- Como assim levadas a sério? Nós usamos um guardanapo de bar para escrever os nomes.
- Pode desistir que você não vai conseguir me confundir. Sei o que está tentando fazer.
- Não estou tentando fazer nada.
- Conheço suas técnicas. Sou perito. Assisti Missão Impossível.
- Ah cara, então ta bom. Quer saber, não fala nada, você vai ver.
- Vou ver o que?
- Aguarde.
- Aguardar o que? O que você vai fazer?
- Você verá.
- Me fala cara. Não vou ficar tranqüilo assim. O que você quer dizer com isso?
- Represálias virão. Nós não ficaremos passivos diante disso?
- Represálias? Nós? Passivos? Não! Como assim? Eu não disse nada.
- Você não sabe com quem está lidando.
- Por favor, tenha misericórdia. Perdão
- Agora é tarde.
- Não faça isso comigo, eu tenho muito pra viver ainda.
- Deveria ter pensado nisso antes.
- Me fala, por favor, o que faço para me desculpar. Faço qualquer coisa.
- Qualquer coisa?
- Qualquer coisa.
- Então me fala uma coisa. Quem você tirou?

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O que não dizer no fim de um namoro

Dia desses, nessas coisas de conversa de bar, um amigo músico me pede uma letra, uma poesia, um qualquer coisa para escrever. O cidadão gosta das besteiras que escrevo. E pior, quer musicar.

E nessas, o Rogério diz:

- Cara, o que é que um amigo não pode dizer ao outro quando o outro termina um namoro?

- Ah. Sei lá. Algo como: se ferrou.

- Sim! Essa é uma delas.

E a idéia começou a fluir na minha cabeça crônica. E de fato, amigo que é amigo tem, algumas vezes, umas frases não infelizes; porém demasiadamente sinceras.

O tal do "eu já sabia" é uma das céleres frases.

O cidadão chega, todo choroso dizendo que a dita cuja terminou porque está apaixonada por outro. Há dor-de-corno pior que essa? O moço está no esgoto fétido e você, com cara de açougueiro diz: "Eu já sabia". É a morte! É pedir suicídio do amigo, pô!

Mas mesmo assim você fala. Com requintes de crueldade.

Outra frase clássica é: eu não te disse?

Isso está diretamente relacionado com previsões da Mãe Dinah e de Nostradamus. Parece até, que o cidadão é discípulo de um dos dois ou, pior, tem genes de algum deles. Na verdade, o que há é uma "goração" (que provém do verbo gorar) amiga.

O fim de um relacionamento é provocado, muitas vezes, pelo tédio. E não há coisa mais tediosa do que aquele amigo que cutuca a ferida cálida. Mas amigo serve para isso mesmo. Para lembrar o tédio do namoro, da relação amiga. Para te entediar ainda mais.

Mas antes do desabafo amigo, há frases que, decididamente, não podem ser proferidas num término de namoro. Frases que, mal colocadas, causam inúmeros traumas, celeumas.

- Você é como um irmão, um pai pra mim.

Nunca me disseram isso, mas dependendo da interlocutora seria capaz de cometer verdadeiros incestos. Há mulheres que compensam o crime e que são um pecado de não de não se ficar junto.

- O problema não é você. Sou eu.

Essa é a maior mentira. É claro que o problema é a parte terminada, gente! Senão a coisa não terminaria, oras! Isso é, simplesmente, uma maneira mais cordial de se terminar algo que já está falido.

- Não da mais!

Essa é e frase mais sincera. Curta. Dolorosa. Porém certeira. Com destino certo e finalidade imediata.

- Não dá mais.

É o fim. Nada é para sempre. Nada é eterno além das lembranças que acalentamos no peito.
- Não da mais.

E não há como ser diferente, pois a (in)diferença os separa.

- Não da mais.

E só o outro não sabe que não tem volta.

- Não da mais.

Porque não há como fazer diferente.

- Não da mais.

Pois os argumentos são inválidos.

- Não da mais.

Simplesmente não tem como. E o difícil é aceitar os domingos vazios. Os sábados sem os beijos. O motel e a cama vazia simplesmente, porque não da mais.

Não há mais.

E isso não dá letra de música, eu acho

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Seguro do Carro

- Bom dia.
- Bom dia, com quem eu falo?
- Calabria. José Calabria.
- Como posso ajuda-lo senhor Calabria?
- Eu queria fazer o seguro do meu carro.
- Perfeito. Vou fazer algumas perguntas para traçar o seu perfil, certo?
- Certo.
- Qual o modelo do carro?
- Corsa, comum, 2004.
- Modelo e fabricação?
- Sim.- Tem trio elétrico?
- Sim.- Funciona?
- Lógico, porque o interesse?
- Por que se não funcionasse, nada de seguro. Qual a sua idade?
- Quarenta e dois anos.
- O senhor mora sozinho?
- Não, com a minha esposa e meus dois filhos.
- Qual a idade deles?
- Ela, trinta e cinco. Os dois são gêmeos, vinte e quatro anos cada.
- Eles dirigem o carro?
- Nunca. Nem encostam. Deus me perdoe.
- O senhor guarda o carro onde durante o dia?
- Estacionamento da empresa.
- E durante a noite?
- Estacionamento no prédio.
- O Senhor sai muito?
- As vezes.
- E onde o Senhor deixa o carro?
- No manobrista, sempre.
- O senhor sabia que 50% dos manobristas estaciona os carros nas ruas ao invés de estacionamentos?
- Não. Vou tomar cuidado.
- O Senhor bebe muito?
- Qual a relação disso com o meu seguro.
- O senhor sabia que 40% dos acidentes de carro são provocados por motoristas alcoolizados?
- Não, mas vou continuar bebendo.
- Muito bem senhor, vou fazer a simulação do custo do seu seguro.
José Calabria era um homem muito paciente, depois que havia sido demitido teve que aprender a fazer tudo que a secretária dele fazia para ele. Pensava, devia ter dado aquele aumento. Eu estaria na vida boa ainda e ela não teria me denunciado.
- Pronto Senhor. São sete mil reais.
- ...
- Senhor?
- Isso é um terço do valor do carro.
- Sim, mas o senhor foi enquadrado no grupo de alto risco de sinistro.
- Como assim?
- O senhor bebe e usa o carro.
- Como é que é? É lógico que eu uso o carro.
- E bebe.
- Bebo muito pouco.
- E usa o carro todo dia. O caso do senhor é difícil, eu compreendo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Qual a senha?

Talvez influenciado pelos filmes, quando pequeno lembro que saber uma senha era um diferencial importante no pool social infantil.

Para entrar no quarto onde os primos falavam de meninas e compartilhavam um surrado exemplar da Revista do Homem era necessário uma senha. A senha podia ser uma seqüência de batidas na porta sempre trancada ou uma palavra qualquer outorgada normalmente pelo mais velho e que devia ser sussurrada pelo buraco da fechadura.

Ganhar o direito a saber a senha era preciso uma espécie de ritual, uma iniciação. Lembro que uma das tarefas arriscadas que tive de cumprir para conseguir uma senha foi surrupiar um bom pedaço do pavê de amendoim da minha tia e levar para os conspiradores encerrados em seu esconderijo. Fui bem sucedido no furto do pavê, mas não ganhei a senha. Crianças são cruéis umas com as outras.

Acho que vem daí a minha bronca com senhas. E, vejam só, fui ser adulto exatamente na época da evolução na qual as senhas dominam. Nada sortudo.

Somos obrigados a possuir dezenas de senhas, mas não podemos anota-las em lugar nenhum. É perigoso anotar senhas. O jeito é guardar na cabeça, mas conforme o tempo passa, as senhas vão ficando mais sádicas.

Poderia ser fácil, como padronizar as senhas. Vamos supor, a senha do banco – 2008. Esta senha poderia ser usada para acessar a caixa de e-mails, para acessar a área restrita da sua operadora, para desbloquear o cofre, para ligar o carro.

Mas não! Para o e-mail a senha tem que ser alfanumérica. Para a operadora não pode ter números. Para o carro não pode números iguais e para o cofre o mínimo de dígitos são seis.

O resultado é que você tem que decorar dezenas de senhas diferentes. E não pode anotar!

Eu possuía quatro contas de e-mail de provedores distintos. Um deles caducou, já que eu não usava há tempos. Dois eu uso com bastante freqüência, o que deixa as senhas sempre vivas na memória. Mas a quarta era dedicada apenas a assuntos burocráticos da empresa, e que só é necessário acessar caso surja algum problema.

Pois bem, surgiu um problema e fui acessar o maldito e-mail. Depois de dois anos obviamente eu não lembrava da senha. Tentei todas as hipóteses possíveis de senhas que minha cabeça estranha poderia inventar, mas não obtive sucesso.

Então, para minha alegria, descobri que é possível você recuperar a sua senha mediante uma identificação positiva, como ele dizem. Fui seguindo os passos, fornecendo data de nascimento, nome completo, tipo de sangue e cor preferida.

Até que cheguei na última pergunta que finalmente traria minha senha à luz: Lugar onde conheceu sua mulher.

Como assim? Que cazzo? Eu não sou nem nunca fui casado!
Tentei algumas alternativas, como bar, restaurante, rua, zona, igreja, festa do caqui. Nada.

Fiquei sem minha senha, sem minha conta de e-mail e sem saber onde conheci a minha mulher.

Realmente, como alguém já disse, a informática surgiu para resolver problemas que antes não existiam.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Mulher tem que ter pegada

Hoje em dia, é muito comum ouvir uma mulher dizer que homem tem que ter pegada. Não era assim. Quando eu era pequeno, tudo que eu ouvia era: respeito e carinho. Além dos atributos clássicos como bonito, inteligente e sensível. Mas em relação a postura, a como tratar uma mulher, o homem tinha que ser respeitador, tipo, não podia mão nisso, muito menos naquilo, enquanto ela não desse a ordem. Carinhoso, sempre abrir a porta do carro, ser gentil, abraçar com cuidado, ser tenro.
Agora não, agora elas querem além de tudo um cara com pegada. Um homem que tome as rédeas, que abuse de vez em quando, que seja firme quando tem que ser e doce quando ela desejar. Tem que ter atitude, tem que sentir os momentos certos e fazer aquilo que está dentro da cabeça delas. Ok, já não era complicado o suficiente, mas damos um jeito. Servimos bem para servir sempre.
Mas o fato é que - não sei se falo por todos os homens - gostamos de mulheres que também tenham pegada. Um dia quem sabe, quisemos (ou dissemos que queríamos) mulheres de Atenas, ou princesas intocáveis e frágeis. Mas hoje não. Hoje queremos muito mais, também queremos essa mistura que as moças vem reivindicando há tempos. Queremos a mulher que faz bico e depois nos arraste pela nuca, não podem mais assistir, tem que dividir o papel principal.
Mas a mulher que tem pegada é diferente do homem que tem pegada. Enquanto o homem pode ser assim naturalmente, a verdadeira mulher de pegada tem que ser despertada. Mesmo que seja naturalmente assim, não é qualquer um que as faz assim. Não basta beijá-la e abraçá-la, tem que conquistar de verdade. Tem que achar o caminho para o núcleo nervoso delas, estremecer as bases. Precisamos fazer com que todos os seus sentidos estejam alterados (sim, usar álcool vale), tem que anular sua razão, tem que fazer com que ela não enxergue nada além de você. Enquanto falar tudo isso é fácil, fazer...
Como toda grande tarefa, essa também oferece uma enorme recompensa. Uma vez que se prova, não se quer nada diferente daquilo. Não é como aquelas mulheres desesperadas, que te sufocam, que saem raspando os dentes em seus lábios sem controle. É diferente. A mulher que tem pegada, quando despertada, sempre te beija como a primeira e última vez, ao mesmo tempo. Bagunça seu cabelo, se pendura em seu pescoço, te abraça como se não quisesse que fosse nunca embora. Se enrola em você como se quisesse impregnar em suas roupas, em sua pele. Ficando junta de você por muito mais que uma noite, uma mulher que voc6e leva pros lençóis de sua cama mesmo quando sozinho.
Tenho certeza de que nenhum homem fica impassível a uma mulher como essa, todos querem esse tipo de intimidade, essa temperatura, essa intensidade. Conseguir não é fácil, mas o que de bom nesse mundo é?

domingo, 12 de outubro de 2008

Iluda-se menos, viva mais

"Ando devagar, porque já tive pressa e levo esse sorriso, porque já chorei demais".

Para aqueles que não conhecem, ainda, essa é a frase que abre a música "Tocando em Frente" do Renato Teixeira. Confesso que não sou fã de sertanejo, por isso, não confundam Renato Teixeira, Almir Sater e Rolando Boldrim com essas porcarias que, vira e mexe, ouvimos no rádio.

O fato é que tenho percebido amiúde, uma onda avassaladora de reclamações relacionadas a namoros, casamentos, noivados e afins. Gente, convenhamos, há gente boa no mercado, vai? É só procurar que você encontra.

O problema é que geramos expectativas demais no outro. Nem homens nem mulheres são culpados mas, na verdade, nós mesmos. O outro lado da moeda.

Se você levou um pé na bunda, levante-se, empine o nariz, estufe o peito, olhe pra cima, respire fundo e olhe só pra frente. Pare de se lamuriar pelo passado, pare de se iludir se ele ou ela te ligou, pois não querem mais nada com você. Só ligam, com certeza, pra ter uma boquinha disponível quando bate a carência, só isso, nada mais.

Claro que, pra toda regra, sempre há raríssimas exceções. Mas, geralmente, essas exceções estão comprometidas e, se você já teve uma exceção em sua vida e não soube aproveitar, se deu mal. Certas coisas acontecem só uma vez na vida. Ou você acha que todo mundo é igual ao João Alves que ganhou milhares de vezes na Mega-sena? Não, né?!

Gente, carpe diem! Aproveitem o que o presente (que nada mais é do que um presente mesmo) lhes proporciona. Chega de viver de um passado que só serviu para aprendermos. Só isso. Temos que saber tirar proveito do que passamos para viver, plenamente, o presente e projetar o futuro.
Se ele ou ela não te liga mais, não te procuram mais, azar o dele! Pense que, quem perde essa pessoa maravilhosa, cheia de carinho pra dar, é somente o outro, não você. Valorize-se!

Infelizmente, pessoas ansiosas sofrem demasiadamente por quererem tudo muito rápido. Amam rápido e "desamam", também, rápido demais.

Se você quer o príncipe encantado ou a princesa, pare de procurar. Deixem que eles mesmos te achem. Não vale a pena atirar pra tudo o que é lado testando. Fique na sua. É a melhor coisa que faz. Procurar, sair à caça, cansa.

Maturidade... isso é que o falta hoje em dia. Infelizmente não há pessoas maduras o suficiente pra encarar um relacionamento sério. Vale mais a pena as baladas, os perdidos nos namoros do que, realmente, se comprometer.

É por isso que eu concordo com Vinícius de Moraes, com seu estilo de vida. Amem todas e deixem que elas o procurem. Isso vale tanto pra homem como às mulheres. Afinal de contas, vale mais a pena viver ao se iludir, mesmo sabendo que a dor é inevitável, mas o sofrimento é, meramente, uma opção nossa.

sábado, 4 de outubro de 2008

É 0 @m0®

Romeu e Tati se conheceram por intermédio de amigos. Conversaram o suficiente. Só o suficiente para não se constrangerem com o silêncio. O suficiente para trocar os respectivos endereços de MSN.

Os primeiros dias foram mornos. Aos poucos iam se conhecendo. Ele gostava de música black, ela também. Ela odiava trabalhar, ele (e a torcida do flamengo) também. Ele gostava de caipirinha de morango. Ela fingia que também.

Logo, ligavam o computador correndo, procurando o ícone dos bonecos azul e verde, a primeira coisa que faziam eram se logar. Meio inconsciente. Só meio. Brincavam com as palavras, falavam de vários assuntos, relacionamentos, família, relacionamentos, amigos, relacionamentos, etc.

Pouco tempo passa e já não desligavam os computadores. A janela de Chat ficava permanentemente aberta. As fotos, mensagens pessoais, emoticons, tudo a favor da interação. Entre os dois apenas. Tati largou o apelido de batismo e se tornou Julieta.

Foi a deixa perfeita. O novo nick foi a gota d’água. Não podiam mais fingir que nada estava acontecendo. Tinham que deixar a natureza seguir seu curso. Sentiram enfim a coragem para a primeira vez. Perderam suas virgindades virtuais. Virou vício. Era o casal mais ousado de toda web.

Daí pra frente tudo foi conseqüência. Se é tão bom online, como será offline? Marcaram em um barzinho no meio do caminho. Muito frio na barriga. Como se tivessem voltado a adolescência.

Sentaram em uma mesa encostada na parede. Em cima dela apenas um grande cinzeiro prateado. Acenderam os cigarros aguardando a movimentação do outro. Não havia. O silêncio dessa vez era bastante constrangedor. Não a toa, Romeu foi ao banheiro 12 vezes em 7 minutos. Na décima-segunda no entanto, teve uma epifania. Ela percebeu em seus olhos que algo tinha mudado, sentiu que ele poderia salvar a noite que parecia estar destinada a destruir toda a mágica de Romeu e Julieta.

Ele olhou no fundo dos olhos de Julieta e com muita calma e cuidado se preparou para explicar. Respirou fundo, lembrou de todos os insucessos da adolescência, das infrutíferas investidas e alguns tapas na cara. Soube que não conseguiria, as palavras não iriam sair. Só havia uma solução. Sacou o celular e disparou seus torpedos. A agilidade no teclado impediu o início do constragimento.

Foram embora para suas casas, de olho na telinha dos smartphones, com maior certeza de seu amor.

sábado, 27 de setembro de 2008

Guia prático


Desculpem o tom, mas paciência tem limite.

Encoxar a mãe no tanque, acidente de Fenemê na Dutra e dizer “pra mim fazer” são das coisas mais feias que se pode imaginar. Mim não faz nada! Mim não vai! Mim não vem! Essa regra não é difícil, não há desculpa para errar. Mim não faz!

Muita gente já estranhou a palavra encoxar, que escrevi ali em cima. É encoxar mesmo, com xis! Significa colocar a parte anterior da sua COXA na parte posterior da COXA de outrem. Não escreva “encochar”, a não ser que no planeta de onde você veio as pessoas possuam um membro chamado “cocha”. Sem dizer que nunca encontrei a palavra encoxar em dicionário nenhum. Então se é pra inventar palavra, invente com o mínimo de bom senso.

E se você hesita para escrever “hesite”, saiba de uma vez por todas que exite não existe! Pode existir exit, em inglês, mas o significado não bate. Sei que no vídeo-game e no shopping ta escrito exit para tudo o que é lado, mas hesitar, no sentido de vacilar, duvidar, é com agá e ésse!!! Hesite! Veja que palavra bonita!

Depois de uma certa campanha, vejo que o uso do “menas” caiu bastante. Se você ainda fala “menas”, então é melhor procurar um psiquiatra.

A propósito, se você, menina, acha que está meia gordinha, ou que está meia com fome ou que está meia estranha, saiba que além de gorda e feia, você também é burra. Não vou explicar a regra, porque se você fala meia isso e meia aquilo, a regra gramatical te cairá como um hieróglifo. Seja apenas meio gorda e meio feia, por favor.

Ah, e SEJA, viu? Não seje, nem esteje. Dá nojo de pessoas que falam seje e esteje. E essa vale pra todo mundo.

Também existe uma campanha para acabar com o gerundismo. Se você ainda não foi curado lembre-se que cada vez que disser que vai estar fazendo alguma coisa, sua imagem perante a sociedade vai se tornar cada vez pior. Faça um exercício básico, agora mesmo, vamos lá: repita três vezes “Vou estar, vou estar, vou estar”, várias vezes ao dia. Torne isso um mantra maldito. “Vou estar, vou estar, vou estar”. Coloque na sua cabeça que isso é errado, isso é pecado, isso é feio.

Para quando você, sem perceber, for cometer um gerundismo, ao chegar no “vou estar” lembre do mantra maldito e desista dessa idiotice. Troque, por exemplo, o “vou estar fazendo o possível” por simplesmente “vou fazer o possível”. “Vou estar mandando uma cópia” por “Vou mandar uma cópia”. Bem mais bonito, não? Bonito e correto. Vamos lá, de novo: “Vou estar, vou estar, vou estar”.

Dia desses fui à uma assistência técnica e a estúpida da balconista me entregou um papel para “anexar junto do aparelho”. Se é minha funcionária, boto na rua na hora, e por justa causa.

Quando for à padaria ou supermercado, tome o cuidado pra não dar vexame. Você gosta de passar vergonha em público? Acredito que não. Então sempre peça duzentos, trezentos, quatrocentos gramas do que quer que você queira colocar no seu pão. O grama é peso. A grama é onde não pode pisar. Ainda na fila, crie a frase na sua cabeça: “Duzentos gramas de presunto, por favor” DUZENTOS. Tenha fé, as demais pessoas não irão rir de você.

Sem querer ser arrogante ou coisa do gênero, mas se o seu vocabulário contempla vários desses exemplos aí de cima, imprima este texto e leve com você no bolso ou na bolsa. Tão útil quanto camisinhas e absorventes.

Perdões novamente pelo tom, mas paciência realmente tem limite.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Um novo Homem

Homem. Ser forte. Duro, Insensível. Nunca derrama uma lágrima. Homem afinal. Arruma a torneira, troca o pneu. Homem. Forte. Insensível.

Bela descrição para tempos atrás. Hoje o homem evoluiu. Sente, ama, chora. E que evolução podemos dizer. Afinal negar instintos é um atraso incalculável. “Oh yes i was a great pretender!”. Mas não finjo mais.

O novo homem gosta de falar que ama, não deixa de assumir quando está com medo e amigo-irmão merece beijo no rosto. Lógico que sem boiolice. “Sô macho pô”.

Isso é tanto verdade que os papos nas mesas de bar andam mudando. Os homens não procuram mais a maior quantidade e sim qualidade. Frases como “Vamo catá as catiroba!!!” estão dando lugar a “Preciso arrumar uma mulher direita”.

O espírito de coletividade continua como sempre mas foi desviado para novos usos. Em vez de ” Vou agitar aquela perva pra você” ouve-se “Cara, eu não vou deixar você cair no mundo da putaria de novo.”

Existem novos homens compromissados também. Hoje em vez de aproveitar qualquer brecha pra sair escondido, faz questão de levar a cônjuge ou ao menos avisar onde, quando e com quem vai. Não por controle e sim por respeito. O novo homem compromissado já deixa a mulher sentindo saudade. Ele aprendeu a valorizar pois sabe que a demanda está altíssima mas a oferta mínima.

Por tudo isso, mulheres deliciem-se, pois cada vez mais encontramos homens que ligam pra dizer que estão com saudade, correm de mulheres prosmícuas e só esperam por você pra dizer: “Eu te amo”. Mas preparem-se, pois se um dia você estiver num sítio, ouvir um barulho e pedir pra ele ver o que é não estranhem se ele estiver embaixo da cama.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Pedido eleitoral

- Dá pro senhor arrumar um emprego.

- Tenho essa lixa de unha aqui, ó. Faça a unha. Inclusive, dê uma limpadinha que ela está bem sujinha.

- Mas senhor...

- Tome esse adesivo pra você colocar no seu barracão também. Vai me ajudar a fazer propaganda. Preciso que divulguem o meu nome. Principalmente na periferia.

- Mas eu quero um...

- Acho que você está meio tenso, quase depressivo. Tenho esses remédios vencidos aqui. Podem te ajudar. Eu ganhei de um farmacêutico que patrocina a campanha. Ah, tenho umas amostras grátis aqui também, fica com você. São todos genéricos, tá?

- Ô dôtor, eu preciso é de um emprego.

- Pega essa camisa aqui. Tem uma foto minha nela. Não estou bonito? Olha que sorriso branco eu tenho, não é mesmo?

- Sim, claro...

- Brigadu. Só porque você me elogiou, leve essa cesta básica aqui. Ela sobrou do comício que fiz ontem. Leva pra sua casa que já garante um mês de comida lá.

- Dôtor...

- Fio, essa cesta básica é das boas. Tem doces, nozes, macarrão... Tem bolachas doces e salgadas pros seus dez filhos. Aí dá pra distrair os moleques enquanto você assiste o jogo de futebol.

- Mas é de empre...

- Fica com esses litros de leite aqui também. Estão quase azedando, já. Leva pro seu barracão e se achar melhor, divide com o pessoal do morro. Não esquece de dizer que fui eu que dei, hein? Senão eles não votam em mim. Leva logo esse leite antes que estraguem filho.

- É que...

- Não tá contente? Tudo bem, brasileiro é assim mesmo. Leva esses agasalhos, vai. Estão quase novos. Tá certo que tem uns rasgos aqui e ali, mas estão limpinhos. Fora que você não vai depender dessas campanhas do agasalho. Você tá vendo como tô te ajudando?

- Eu quero trab...

- Já sei o que você quer também. Como eu sou burro! Toma esses cinqüenta reais aqui. Você tem que se divertir também, pôxa! É um direito constitucional isso.

- Dôt...

- É verdade, cinqüentinha é pouco. Vou fazer uma vaquinha aqui com os meus assessores pra te dar mais uma graninha, o que acha?

- Mas...

- Eu sabia que você iria adorar. Pra não falar que só penso em dinheiro, pega esse cheque aqui. Eu iria doar pro Fome Zero, mas como eu sei que eles não iriam descontar, fica pra você. É uma doação que tô te fazendo, uma caridade e não quero nada em troca, só seu voto e da sua família, e dos seus amigos e todo mundo que você conhecer, viu? Viu como eu tô sendo bonzinho? Olha quanta coisa boa eu já te arrumei, tá vendo?

- Mas e o empreg...

- Tá, vai! Toma aí esse chaveiro. Coloca a chave do cadeado do seu barraco. Já faz mais uma propaganda. Que delícia é ajudar os pobres, isso me lava a alma.

- Mas e o meu emprego? Eu só quero trabalhar, dôtor.

- Emprego?

- É! Isso mesmo. Arranja um pra mim?

- Acho melhor fazer como eu, viu?

- Ahn?

- É! Se candidate.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Quando começa um namoro?

Começar um namoro é mais difícil que começar a escrever um texto. E ambos têm aquela coisa de desejo.

Quando você começa um texto, você já tem a idéia mais ou menos pronta na cabeça e quer ver já pronto, mostrar para alguém a obra. Tem gente que já sabe até como terminará, já tem o parágrafo final, a sacada genial, a piada e o desfecho ideal à idéia. Mas, começar, saber o primeiro parágrafo e, pior, como intitula-lo, aí é que a coisa desanda.

Para namorar é a mesma coisa.

Como alguns têm medo da palavra, do rótulo de ‘namorados’, já vi casais que começaram pela ordem inversa: casaram, depois noivaram, namoraram e, no final, resolveram se conhecer até, meses depois, só ‘ficar’. Parece exagero, mas não é.

E há muito casal por aí que nem sabe que está na fase de ‘namoro’ já estando. Há que se analisar os fatos.

Você está lá, todo cheio de si numa determinada festa. Começa a tomar umas e outras, fica todo simpático, alegre e entusiasmado. As pessoas começam a ficar mais bonitas e você suscetível a conversas mais... mais... rasas. Até que, aquela pessoa do sexo oposto que você lançou uns olhares no começo da festa, também olha pra você. É aí que surge, quase que incontrolavelmente, aquela IMENSA vontade de ir ao banheiro e, sabe-se lá Deus porquê, esbarrar, carinhosamente, na pessoa.

- Desculpa.

- Imagina. Não foi nada.

Depois disso, começa aquele papo besta e idiota de "você vem sempre aqui?"; "nossa, está cheio aqui hoje, né?"; "aceita um drink?"; "Vamos dançar?"; "Está sozinha?"; "Calor hoje, ahn?".

Geralmente, o outro acaba, dependendo do grau etílico, cedendo. E é aí que temos início de um pré-namoro. Sim, existe essa coisa de pré-namorada, semi-namorada, coisa e tal.

Pré ou semi-namorada ou namorado é aquela pessoa que preenche todos os requisitos básicos para se encabeçar um namoro, porém, ela apareceu no momento errado na sua vida. Você está naquele momento de querer curtir os amigos e outras amigas (!). Aí, se enroscar num relacionamento não é a coisa mais bacana com a outra pessoa.

Mas, via de regra, o namoro começa assim mesmo, sendo pré ou semi. E, quando se dá por conta, quando cai em si, já está namorando.

Tenho duas amigonas que já avançaram essa coisa de pré e semi-namoro. A Pri e a Nathy. Moçoilas de primeira linha. Faladeiras de plantão. E, a cada pergunta minha, uma bochecha vermelha de vergonha. Tudo isso para provar, mais que fundamentado, que já estavam namorando.

O questionário para saber se você tem um semi-namoro ou já está enroscado num relacionamento é básico. Esqueçam essa coisa de que o homem é obrigado a perguntar: "Você quer namorar comigo?", pois isso é coisa do passado, gente. A situação vai pelo olhar, ticando de leve a pele e, sem qualquer cerimônia, a pessoa já invadiu a sua vida e te controla.

Inclusive, controlar é uma coisa fundamental no namoro.

Pois bem, as perguntas são:

- Já foi ao cinema ver, mais de três vezes, um filme que é, simplesmente um lixo?

- Falam-se pelo telefone uma vez por dia?

- Mandam mensagens, que muitas vezes mais parecem verdadeiros tratados, pelo celular (ARGH!) mais de três vezes ao dia?

- Pagou uma dose de whisky ao melhor amigo da pessoa num barzinho para fazer média?

- Gostando de samba, foi num show de rock só para agradar ao outro? (vale o contrário também)

- Já arrotou, soltou um ‘pum’ ou vomitou (ok, é nojento, mas o Amor carece dessas provas) na frente da pessoa? (pode ser atrás também)

- Já colocou alguma fotinha dos dois juntinhos no orkut?

Se você disse sim a, no mínimo, duas dessas perguntas, eis o veredicto: está namorando! Na verdade, já está dominado.

Portanto, minhas amigas, vocês já estão namorando.

E, se você que me lê aí e respondeu ‘sim’ a quase todas, mas reluta em dizer que não namora, você é um semi.

Semi-canalha.

sábado, 30 de agosto de 2008

Alma gêmea, não posso esperar

Olá, aqui é sua alma gêmea. Sim, sou eu, aquela pessoa especial que só existe neste mundo para complementar você. Eu sou sua cara-metade. A tampa para sua panela. A pessoa mais importante que você pode ter ao seu lado na vida. Aquela pessoa. “A” pessoa. Eu. Moi. Me. Enfim, acho que você já entendeu.

Estou lhe escrevendo porque estou muito, muito preocupada com a sua demora em me encontrar. Essa demora está me matando. Eu quero acreditar que o destino irá nos unir no final, mas não estou muito segura disso. Você não está ajudando muito, alma gêmea. Não está.

Sabe aquele dia em que você não esperou a moça do caixa lhe entregar a nota fiscal, e saiu correndo pro teatro? É uma pena… se você tivesse esperado, perderia segundos importantes do seu tempo, você não conseguiria pegar o ônibus em tempo, o que faria você chegar atrasado para a peça. Ficaria do lado de fora, inconformado. E iria me encontrar, tão inconformada como você. Nós reclamaríamos do teatro, do trânsito, falaríamos de como é difícil encontrar peças boas e dos boatos sobre o sexo de Shakespeare. Acabaríamos num café charmoso, agradecendo por termos perdido o teatro e encontrado um ao outro. Mas…

Você não esperou a moça do caixa! Não esperou! Como pôde? Você não quer me encontrar? É isso?

E o curso de desenho artístico que você foi fazer? Errado! Muito errado! Se tivesse feito fotografia, teria me encontrado. Eu estava lá, na mesma escola. Poderíamos ter feito muitas coisas juntos. Tirar fotos um do outro. Ver as coisas por outro ângulo. Re-enquadrar nossas vidas. Mas não. Você quis fazer desenho artístico. E eu quis um caso com o professor de fotografia, que era um gato, achando que, dessa vez, era você. Só que não era.

Sabe aquele dia chuvoso, em que você saiu sem o seu guarda-chuva? E se eu estivesse passando por você na mesma calçada, preocupada com a chuva, e você tivesse como oferecer abrigo para mim? Você não pensa nisso, não é? E se naquele dia fosse eu quem estivesse de guarda-chuva para dividir com você, você não pode sair de casa com ele! Ou seja: saia de casa com guarda-chuva, sempre. Ou não, dependendo do dia. Você me entendeu.

Estou perdendo a paciência. É tudo tão aleatório… Você está lendo isso numa lan-house? Olhe pra trás, pode ser eu. Tsss… errou de novo. Alma gêmea, não demore. Olha lá, o professor de fotografia atravessando a calçada. Não sei se posso esperar…

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Bendita torrada

Era uma manhã rotineira na vida de José Mário. Matemático, professor de faculdade e ateu convicto até o apocalipse, comia religiosamente 2 torradas com manteiga e geléia de morango. (Deus me livre se não houvesse geléia de morango!) Era uma equação simples. Duas passadas de faca na manteiga sem sal e uma colherzinha de geléia aplicada com uma força X, suficiente para espalhar a geléia, mas não o suficiente para quebrar a torrada. José Mário necessitava segurar a torrada com uma força Y= -X, para balancear as forças evitando que a torrada caia no chão. Caso Y>-X, inevitavelmente a torrada cairá com sua face geleística voltada para baixo, exatamente como ocorreu nessa manhã aparentemente rotineira.

A regra universal que dita a sujeira no mundo desde a gênese diz que se um objeto cai e fica por menos de 5 segundo no chão, o objeto ainda estaria limpo e pronto para o consumo. José Mário, como exímio conhecedor de regras universais e há muito morando sozinho, recupera a torrada do chão e qual sua grande surpresa? Estava lá. Claramente. Milagrosamente nítida. A cara de Jesus Cristo estampada em sua bendita torrada.

O que um ateu faz quando se depara com um milagre?

A primeira reação de um ateu é a contestação. Como São Tomé, primeiramente desconfia. Não, nada a ver. É coisa da sua imaginação. É como olhar as nuvens e encontrar formas. Mas olhando melhor, a imagem era divinamente clara. Havia até um certo brilho santo ao redor da imagem. Fez-se a luz nas camadas de manteiga. Qual era a chance disso acontecer? Calcula as probabilidades. Menos de 1 bilhão para um de tal evento acontecer com tanta precisão. É, os números estavam contra ele. Justo os números que tanto confiava. Tenta repetir o experimento. 2 pacotes de torradas de imagens disformes. O máximo que conseguiu foi em uma torrada que se olhada de um ângulo específico, até poderia se assemelhar, vagamente, a um coelhinho caolho sem orelhas. Resolveu parar, pois não poderia faltar a geléia de amanhã, e Deus me livre se não há geléia de morango!

Segunda reação de um ateu, a dúvida. E se fosse realmente um sinal divino? Todos esses anos comendo carne vermelha na sexta-feira santa? As vezes que cobiçou a mulher do próximo, as que via revistas de mulher pelada escondido no banheiro ou quando roubou figurinhas jogando bafo… Tudo isso seria uma passagem segura para o inferno? Seria um alerta para que ele começasse a frequentar a igreja?

Terceira reação de um ateu, a revolta. José não se daria por vencido. Ele não jogaria a batina assim tão fácil. Não seria uma torrada a romper toda a sua (des)crença. Quer briga? Então olha o que eu faço com sua torrada! José aproxima a torrada à boca, lentamente abre sua bocarra e prepara uma grande mordida entre a coroa de espinho e a sobrancelha esquerda de Jesus.

Quarta reação de um ateu, a redenção. Espera! Talvez seja melhor não comer a torrada. Afinal ela caiu no chão. Talvez tenha passado mais dos 5 segundos. Pode haver micróbios. Pode causar dor de barriga. Imagina se dá um piriri. E com piriri não se brinca! Pior que as pragas do Egito! Lavo minhas mãos. Melhor pegar outra torrada.

Resolveu deixar a torrada milagrosa de lado. Mas a cara de Jesus continuava encarando-o. A pulga atrás da orelha ainda coçava. Há de haver uma explicação mais razoável que uma entidade toda poderosa sem ter mais o que fazer além de pregar peças em matemáticos ateus. Existe algum fator que passou despercebido. Algo que dê a luz sobre esse mistério. Olhe atentamente, analise friamente…

Eureca!

Como não havia visto isso antes! Era óbvio! A vida volta a fazer sentido. A figura na torrada não é o Jesus Cristo! É o Humberto Gessinger! Claro, por que acreditar em um Ser Supremo invisível, inatingível? O Humberto Gessinger era real, estava ali, ao alcance de todos! É lógico! O Papa é Pop! Quem mais sofreu tantas perseguições e foi crucificado pela crítica? Quem mais ressucitou o Engenheiros do Havaí quando ninguém mais esperava?

Satisfeito, José Mário guardou a torrada junto com os antigos álbuns do Engenheiros e saiu cantarolando. Esse Humberto Gessinger é foda! A Infinitaaaa Hiiiiighwayyyyy…

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tirem as crianças da sala

O tema é sacanagem, como diria o Jô. Saliência, como diria o Zóio. Furunfagem, como diria o Assis.


E pra não causar mal entendidos, não sofro de males como preconceitos, não sou adepto do falso moralismo e nem farei críticas. O mundo é um imenso bordel e quem sou eu para não comprar um ingresso?


Mas o que tem me chamado a atenção, de uma maneira curiosa, é como a linguagem da mídia se modificou de, sei lá, uns vinte anos pra cá.


Eu me lembro de quando eu era novinho. Lá em casa sempre teve daquelas revistas de novelas e fofocas, e eu, um ávido leitorzinho, devorava todas que aparecia. Afinal, aconteceu virou manchete. Quando o casal da novela finalmente chegavam nos finalmentes, a revista disparava com exclusividade: “Doraci cai nos braços de Heitor”. Não tentem lembrar desses nomes porque eu nunca me lembro dos originais e vou inventar todos.


Alguns anos mais tarde as revistas começaram a ficar mais saidinhas. Quando os protagonistas se entregavam ao desfrute as revistas traziam a notícia chocante: “Paula Helena dorme com Agenor”.


Minha cabeça infantil não pescava o duplo sentido do ato de dormir.


O próximo passo já escandalizava as senhoras da comunidade, e as revistas começaram a subir nas prateleiras da banca de jornal. “Cidinha vai pra cama com Jorjão”.


Agora o mundo estava virado! As revistas de fofocas estavam trazendo pornografias! Chamem o censor! Onde estão as tarjas?


Depois disso que a coisa degringolou de vez. Lembro do mal estar que uma dessas revistas que querem estar contigo em todo lugar causou quando colocou na capa, em letras garrafais: “Marilu transa com Vavá”.


A moral e os bons costumes foram para o ralo. A família se perdeu. Os jovens estão condenados.


Recentemente passei por uma banca e vi, numa inocente revista de fofocas: “Giovana Laura faz sexo selvagem com o Mecânico Misterioso”. Não pude deixar de dar um sorrisinho de canto de boca.


Mas isso é bobagem se a gente for pensar em algumas atrizes que até há alguns anos eram moças acima de qualquer suspeita, grandes personagens de grandes novelas, e agora são respeitáveis protagonistas de filmes pornôs. “Sou uma atriz, é um trabalho como outro qualquer. Escolhi todos os atores e a minha família me deu a maior força.”


Já disse e repito, eu não tenho problemas com preconceitos e nem falso moralismo. Muito pelo contrário, inclusive. Tenho adorado esses novos personagens das atrizes.


Mas que fica muito engraçado quando voltamos alguns anos no calendário, ah fica.


E aguardo ansioso ao próximo filminho.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Namorada de aluguel

Nunca vou esquecer da primeira vídeo-locadora do bairro. Chamava “Vera Vídeo”! Quer dizer … Leda! Não, não … era Vera mesmo. Quer dizer, olha … o nome eu não lembro, mas lembro direitinho do lugar! No quarteirão da Avenida Contorno Norte logo depois do depósito Walter , no Conjunto Esperança. Lado direito, duas lojas depois da esquina (ou seria uma loja só?). Fachada azul e porta de vidro com revestimento fumê.

Meu pai foi quem fez a ficha da família lá. Nosso número era 155. Disso eu lembro direitinho! Foi um dos primeiros números que eu decorei na vida.

Dentre as primeiras lembranças que eu tenho do local, era a estante com filmes esportivos. Na prateleira dos filmes de carro pra ser mais específico. Eu adorava a série “Havoc”! Uma seqüência de fitas que mostravam os acidentes de carro mais espetaculares de todos os tempos. A locução devia ser inglesa. Eu não entendia nada, mas lembro da legenda com um texto bem ácido. Uma das cenas que mais me marcou foi numa corrida de carros de série (não lembro se era rali ou pista) em que o veículo capotou e a porta acabou caindo. O piloto bravamente continuou na corrida, e o locutor disse : “E lá vai o piloto aproveitando seu novo ar condicionado!” Eu me matava de rir!

Mas isso tudo é só um aperitivo bem feito perto da minha maior lembrança. Eu devia ter entre 8 e 9 anos e, passando de carro por lá, me assustei ao ver uma placa branca com letras vermelhas dizendo : Temos Namorada de Aluguel. Uau!

Nessa época, namoro pra mim era algo absolutamente idealizado. Eu era ridiculamente romântico. Um menino bonitinho de olhos castanhos, cabelos quase brancos de tão loiros e completamente despenteados. Perdidamente apaixonado pela menina mais bonita da classe. Mais bonita de todas! E não é que eu tava vendo coisa demais, não! Quase todos os meninos da classe queriam namorar com ela. Mas eu gostava muito mais. De doer a barriga, sabe?

Nessa época, minha auto-estima era equivalente ao dedo mindinho esquerdo do nosso nem tão excelentíssimo presidente : praticamente nula. Eu sabia que ela era areia demais pro meu caminhãozinho. E eu nem sabia plantar bananeira, como poderia conquistá-la ? Impossível!

Foi aí que a tal placa mágica apareceu. Eu lá, no banco traseiro do Chevette branco do meu pai, debruçado na janela e lendo “Temos Namorada de Aluguel”. Que puxa …

Será que se eu fosse lá e pedisse uma menina com as mesmas descrições da minha amada, poderia fazer uma locação?

Mais do que isso : será que, assim como podíamos fazer nos filmes, a locadora tinha um andar secreto onde todas as namoradas ficavam perfiladas e a gente ia dando uma olhada a fim de escolher a melhor opção? (Gente, eu tinha 9 anos! Não tou falando em sacanagem!).

Só de pensar nessa possibilidade eu já ficava com um pouco de pena das outras meninas que estavam lá e não iam ser escolhidas. Na minha cabeça todas eram bonitas. Uma pena ficarem naquele lugar escuro.

Da onde será que elas vinham ? Os pais delas sabiam que elas estavam lá?Essa história toda era um pouco esquisita, mas totalmente cabível na minha cabeça loira e despenteada (bons tempos aqueles dos cabelos …).

Com o tempo eu comecei a perceber que várias das locadoras que passávamos de carro tinham a mesma placa. O que complicava um pouco as coisas, pois nessa época eu tinha certeza que a gente só tinha uma alma gêmea. E em qual locadora ela estaria!?

Por sorte (ou azar … seria, no mínimo, uma ótima história pra se contar agora), eu nunca tive coragem de entrar na tal locadora, devolver o “Havoc 5” e perguntar se a mulher da minha vida estava lá dentro.

Depois de um tempo a placa sumiu. Mal sabia eu, que ela devia fazer parte de um plano de marketing pré-histórico para lançamento do filme “Namorada de Aluguel”. Aliás, só fui ver esse filme na TV anos depois. E pra piorar, só me toquei que uma coisa tinha a ver com a outra bem depois dos meus 18 anos. Aqueles insights que você tem depois de velho sobre uma lembrança da infância, sabe como é?

Mas como bem diz meu amigo Leandro, o bom dessa época é que todos esses questionamentos e sofrimentos amorosos, por mais intensos e verdadeiros que fossem, duravam até a hora que algum amigo interfonava ou tocava a campainha de casa falando : “Vamos descer pro térreo pra jogar bola?”

Bons tempos aqueles!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A maior de todas as polêmicas

Poucas coisas são capazes de causar polêmica hoje em dia. Num século onde política, futebol e religião já não são capazes de fazer a maioria da população brasileira partir para as vias de fato numa discussão, a gastronomia assumiu o papel de grande centro de discussões ideológico-filosóficas nas mesas de bar.

Posso dizer isso por conhecimento de causa, já que nunca usei meias-palavras nas minhas controvertidas opiniões neste segmento, seja como Gourmet de X-Salada que sou, como apreciador da única e verdadeira pizza (a de muzzarela), ou como contumaz crítico do presunto na lasanha.

Mas nada, eu garanto! Nada causará tanto pânico, horror e revolta quanto o que escreverei nas próximas linhas.

Se você não se julga capaz de controlar seus sentimentos em relação a algo que fere os seus princípios mais primitivos, rogo para que pare de ler esse texto agora. Por favor!

Se você continuou, a escolha foi sua. Eu tinha que escrever esse texto para me livrar desse tormento que me persegue por anos, mas você, caro leitor … você tinha escolha. Você poderia ter evitado isso:

Eu odeio a casquinha do sorvete!

Considero esse cone maldito uma aberração da culinária moderna. Quem, meus caros, quem é que sente uma louca vontade de devorar um prato de porcelana enquanto janta um delicioso faisão? Quem é o maluco que deseja, mais do que a mulher amada, mastigar cacos de cristal enquanto degusta o mais nobre bouquet francês ?! Será que algum infeliz, em toda a história da humanidade, fez questão de triturar taças de metal ao se refrescar com um legítimo sundae ou colegial?

Então por que, MEU DEUS, por que devemos comer o cônico recipiente que segura (muito mal e porcamente, diga-se de passagem!) o sorvete de massa que tanto adoramos!

Aquele cruzamento de cortiça com isopor deve ter sido utilizado pela primeira vez, como um desesperado improviso de um químico desempregado e ambicioso, que misturou diversas matérias primas de polímeros cancerígenos criando algo que aparentemente não atrapalhasse o gosto sorvete.

Um defensor da casquinha um dia ousou me argumentar que o “Cornetto” conseguira resolver bem o problema do finalzinho da ponta que fica sem sorvete:” Puseram um chocolatinho lá, que quebra com gosto seco da casquinha …”.

Como assim?! Se fosse bom, não precisavam colocar chocolatinhos alí!

O que mais me revolta, é que vivem falando que McDonald’s é comida industrializada, que tem gosto de isopor, que não é saudável. E A CASQUINHA?! Ninguém nunca disse que aquilo é isopor, mas olhem os furinhos, droga!! Isopor puro!! E as pessoas comem !!!

O McDonald’s deixou o isopor nas caixinhas de Big Mac na década de 80, atendendo a milhares de pedidos ecológicos, mas os sorveteiros continuam ferindo o nosso planeta! E vocês, comedores de casquinhas, não só compactuam desse mal, como ainda COMEM ISSO!!

Já que vocês gostam tanto desse tipo de comida, por que não experimentam os copinhos plásticos que pelo menos são mais sinceros e dizem: “Sim, eu sou um produto químico manufaturado!” Ou se você é bom mesmo, coma o palitinho dos sorvetes de praia! Vai lá! Come! Quero ver na hora de sair!

Agora me dêem licença, que o calor dessa noite, e principalmente dessa discussão me obriga a acabar logo com essa crônica!

- Garçom, um sorvete por favor… Copinho, heim ?! De copinho!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Hummm

- Ah Gilmar ela até que é legal, mas não sei.
- Não sabe o que Deco?
- Sei lá, ela tem essas coisas sabe?
- Sei.
- Sabe?
- Não! Não sei.
- Então por que falou que sabe?
- Pra dar continuidade ao papo Deco. Fala logo.
- Então. Ela tem dessas coisas. Tipo falar.
- Nossa! Que estranho! Ela fala mesmo? Com a boca?
- To falando sério cara.
- O que ela fala que é estranho?
- Ela fala complicado.
- Como assim complicado? Ela é fanha?
- Não, el…
- Tem língua presa?
- Não, ela f…
- Fala na lingua do “pê”?
- NÃO! Dá pra deixar eu falar?
- OK! Só estou tentando ajudar.
- Ela fala umas palavras que eu não entendo.
- Como assim não entende?
- Não entendo. Não sei o que ela quer dizer.
- Ela se expressa mal você diz?
- Não. Eu não tenho idéia de que cargas d’água as palavras querem dizer!
- Ahhh…. entendi. Ela fala difícil. Tem um vocabulário rebuscado.
- Sei lá onde ela foi buscar Gilmar, só sei que não entendo.
- Mas que tipo de palavra ela já falou que você não entendeu?
- Um monte.
- Fala uma. Dá um exemplo.
- Ok. Ontem mesmo ela falou que era criteriosa.
- E daí?
- Como assim e daí?
- Que palavra você não entendeu?
- Oras bolas, “criteriosa” é claro.
- Você não sabe o que significa “criteriosa”?
- Não é assim que eu não sei. Sei mais ou menos.
- E o que é? Mais ou menos…
- Sei que tem alguma coisa a ver com religião, mas isso não vem ao caso.
- ….
- O negócio não é esse Gilmar. Não importa as palavras que não sei. E sim como vou fingir que sei.
- Mas você disfarça bem pelo que diz.
- Eu também achava, mas ontem no telefone ela me disse que eu era “prolixo”.
- E daí?
- E daí que tive que desligar o telefone.
- Na cara dela?
- É.
- Mas por que?
- O que eu ia fazer? Não sabia se agradecia, discordava ou a mandava pro inferno. Não ia fazer papel de bobo né.
- Ah lógico. Disso você se safou.
- Sim mas não é sempre que vou ter saídas inteligentes como essa. Como resolvo isso?
- Você já tentou dar uma lida no dicionário?
- Já, mas nunca consigo passar da letra “B”.
- Daí fica difícil.
- Você também acha então? Ufa. Já achei que só eu achava difícil ler todas aqueles “babilônicos” e “babuínos”.
- Deco, não tem jeito, ou você aprende ou vai ficar sempre boiando.
- Tem que ter uma saída. Não aguento mais ouvir ela falando que vai “contextualizar” e eu morrendo de medo de levar uma tapa.
- O que você pode tentar é, sempre que não souber uma palavra responda com “Hummm”.
- “Hummm”?
- É. “Hummm”.
- Ahhhh, Hummm.
- Isso. Entendeu?
- Não.
- Pô Deco. Colabora. “Hummm” como em, “Hummm, interessante.”
- Ahhhh, esse “Hummm”.
- Isso.
- Hummm. É uma boa. Assim não me comprometo e também não fico sem resposta.
- Exato. Assim acho que você estará resguardado.
- Hummm.
- Aê, aprendeu rápido.
- É, eu sou assim.
- Problema resolvido então.
- Acho que sim.
- Por que acha?
- Agora fiquei preocupado.
- Acha que não vai dar certo?
- Acho que vai sim, mas eu não vou estar enganando ela?
- Não exatamente. Só um pouquinho.
- Sei lá. Fico com dó. Uma menina tão frágil, doente.
- Doente? Mas ela aparenta ser tão saudável.
- Eu também achava. Até esses dias quando ela me contou sobre o problema dela.
- E o que ela tem?
- Ela é Eclética.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pelo amor de Deus, um dicionário!

Um dia desses eu estava conversando com alguns amigos, e um deles me disse que ouviu falar que popozuda significava mulher de bunda caída.

Ao ouvir isso, comecei a refletir (pasmo!) sobre a situação atual brasileira, e porque não, mundial.
Será que as pessoas não sabem mais o que falam? Só repetem o que ouvem por aí. Imaginem só, uma multidão gritando empolgada: “Só tem mulher de bunda caííída, mexe demais !” Isso é, no mínimo, ridículo.

Para confirmar meu abismo (conjugação do verbo “abismar”- Eu abismo, Tu Abismas, e etc), numa das aulas de Sociologia da Era Virtual, analisamos a nossa era atual, dominada pelo Tecnocentrismo (precedido do Antropocentrismo), onde conceitos como Tautologia, Hipertelia, Circularidade e Comutação, mostram o quanto que nossa sociedade é superficial e despreocupada com a significação (no sentido semiótico) dos termos.

Estamos na Era do “Achismo”. Hoje em dia, ninguém estuda mais nada profundamente, ninguém conhece nada profundamente. O simples fato de ler uma reportagem sobre fertilização de elefoas com óvulos de mamutes pré-históricos, já faz de qualquer pessoa, um profundo conhecedor de genética pré-história criogênica. E o que é pior, uma pessoa que lê essa reportagem, se sente no direito de, no meio de uma discussão de bar, dizer: - “Não ! Vocês sabem que de fertilização de elefoas eu entendo !” E todos se rendem ao argumento de autoridade do interlocutor. Sem nenhum contra-argumento.

Não estou nem falando dos erros e vícios de linguagem que vem se tornando cada vez mais comuns, inclusive dentro dos meios de comunicação de massa. “A nível de” já aparece em diversas publicações de livros (de qualidade duvidosa, mas ainda sim, livros), e o uso excessivo do gerúndio inunda os discursos de pseudo-intelectuais, cuja credibilidade permanece intacta, pela ignorância geral da população.

Os poucos sobreviventes, sentem-se cada vez mais isolados, como em pequenas ilhas de conhecimento rodeadas por um mar de bundas, peitos e silicones protuberantes e descartáveis. Não é difícil ver uma pessoa ser discriminada por utilizar o português corretamente, em uma conversa.Isso tudo chega a ser revoltante. Mas o pior de tudo, é ver alguém reclamando da superficialidade da sociedade sem saber mais da metade dos termos que vomitou em uma crônica. Aliás, eu nem sei se popozuda realmente é “mulher de bunda caída”. Mas um amigo meu disse que ouviu falar que era. Deve ser verdade.

domingo, 13 de julho de 2008

Eu não extou bêbadoooo!!!!

Um dos principais problemas de se escrever um texto enquanto se está bêbado, é que você nunca acha a letra “V” no teclado. Como tudo está aparecendo em “duplicata” aquela letra entre o “CC” e o “BB” é o “W”e por mais que você tente, é muito difícil escrever um texto sem a letra “V”. Mas bêbado que é bêbado não desiste facilmente de expor suas idéias. Com “V”, ou sem “V”!

Eu, por exemplo, acho que esse problema dos monitores modernos ficarem se mexendo de um lado para o outro, é realmente muito chato. Eu, se você quiser saber, já estou ficando tonto.

Um dos principais problemas de se escrever um texto bêbado, é que você nunca sabe se um sóbrio conseguirá entender o que você quis dizer. Um bêbado sempre entende outro bêbado, mas eu não sei se você está me entendendo. Eu gostaria muito que você me entendesse, porque você sabe, né!? Eu te de considero pra caramba! Você mora aqui, dentro do meu peito!

Um dos principais problemas de escrever bêbado, é a grande probabilidade de se tornar redundante. E eu odeio pessoas repetitivas.

Um dos principais problemas de escrever bêbado, é a grande probabilidade de se tornar redundante. E eu odeio pessoas repetitivas. Ainda mais aquelas que não param de repetir!

Coesão é uma coisa que não existe num texto bêbado. Eu, por exemplo, acho que esse problema dos monitores modernos ficarem se mexendo de um lado para o outro, é realmente muito chato.

A probabilidade de um bêbado escrever probabilidade como “pobrabilidade”, “problablilidade” ou “plobrabilidade”, é muito grande. Eu, se você quiser saber, já estou ficando tonto.

Não sei o que leva um bêbado a escrever um texto. Eu, por exemplo, odeio pessoas repetitivas!
Um dos principais escritores bêbados de problemas de texto, disse um dia que o bêbado é um …

Cadê o “V” ? O que esse “W” está fazendo entre o “CC” e o “BB” ?!

Um dos principais problemas de bêbado, é não se lembrar do que estava falando, e nunca completar um raciocínio.

Falando nisso, eu acho que estou um pouco bêbado.

É isso …

Alguém disse alguma coisa sobre problabilidade aqui?

É melhor esquecer todo esse papo sobre monitores. Tou ficando com sono.

É … pois é …


Acho que eu vou dormir.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tempos Modernos

O café está na mesa. A nova família margarina a postos. Um jovem pai solteiro e saudável acompanhado da velha filha adolescente vegetariana e emo. Ele com sono, ela nervosa. Ele com preguiça de ter pressa, ela com pressa de ter tranqüilidade. Antes de pegar seu leite de soja, ela passa o leite com baixo teor de lactose para o pai e diz :
- Pai. Preciso te contar uma coisa importante.
- Fala filha. – brincando - Quer o sal?
- Não, brigado. Ainda não. Mamão com sal não me faz bem de manhã.
- Faz sentido.
Ela toma fôlego e solta numa única respirada:
- Acho que quero namorar um cara.
- O quê!?
- Passa o sal?
- Não vem com essa! Como assim?!
- Ah pai …
- Como assim, filha?! Você não é como se diz … “Emo”? “Gay”?
- Sou, pai … sou … mas …
- Como “mas”?! Não tem nada de “mas”! Você gosta dessas bandas de gente depressiva, você beija meninas, você usa maquiagem preta como todas as sua amigas da sua classe. Eu não preciso me preocupar com moleques desproporcionais e fedidos pulando em cima de você! É assim que as coisas funcionam hoje em dia. Não tem “mas”!
- Eu sei, pai! Mas é que eu tava lendo uma entrevista da Ana Carolina …
- Quem ?- Ana Carolina, aquela que comeu a Madonna …
O pai, surpreso :
- Sério?! Comeu? Tem vídeo no youtub-
- Não, pai! Num tem! Tou falando da música. Ela fala isso na música.
- Poxa, interessante … – voltando à postura de pai bravo – Ahãn! E daí. Que que tem a entrevista dela?
- E ela disse que tá querendo namorar um homem agora.
- Ah é? Por quê?
- Ah … porque as mulheres são muito complexas … disse que os homens são bem mais simples.
- Não me diga.
- Ah … e também porque homem é muito bom pra transar.
- KLASPIT! – e com esse som, o jovem pai teve toda sua cavidade nasal inundada por leite com baixo teor de lactose.
- Pai! Você tá bem?!
Tentando se recuperar do estrago físico, psicológico e moral, ele afastou o prato de torradas, agora com leite, e verificou o estado da sua roupa que felizmente não foi atingida. Finalmente disse:
- Olha filha, não tou muito não.
- Quer que eu te prepare outro leitinho?
- Não … acabou. Esse era o resto do meu leite. Esqueci de comprar mais …
- Pode tomar do meu. É bom leite de trigo!Foi a gota d’água :
- Que leite trigo?! Tá louca, menina?Ela se assustou.- Desde quando trigo dá leite!? Onde fica a teta do trigo, heim?! Heim!? Fala pra mim!?
- T-tá bom, pai. De-desculpa.Ao ver que a filha estava a beira de um choro realmente sincero, ele tenta se controlar, respira fundo e baixa o tom de voz:
- Eu que peço desculpa. Me descontrolei. Ela desvia o olhar. Ele suspira e continua :
- Vamos lá então, mocinha … o negócio agora é beijar meninos?
- É pai … acho que é.
- E o seu lado gay, filhinha? Como faz?
- Então … tou pensando em ser uma gay mais moderna, sabe?
- Ah … quer dizer que você vai beijar meninos agora, mas continuar sendo gay.
- Isso.
Tentando entender o raciocínio, ele pergunta:
- Então, ainda assim você não vai querer roupa da Zara de presente?
- Até vou, pai. Tem roupa masculina lá!
Ele apenas olha pra ela, quase desistindo. A menina continua:
- Sei lá, pai. Tou cansada da complicação das mulheres.
- Sei bem como é …
- Quero ser uma menina mais moderna.
- Precisava ser tão moderna assim?
- Ah pai! Deixa de ser heterofóbico!
- Heim?!
- É! Isso mesmo! É só ver a repercussão da entrevista da Ana. Não vai ser fácil pra mim! Eu sei que é estranho, eu sei que é bizarro, mas eu quero ver como é sair com um cara. E demorei um monte pra me convencer disso, tá? Eu também era heterofóbica! Ficava me culpando das vezes que assistia os jogos com você, esquecia um pouco do esquema tático e parava pra olhar pras pernas dos caras.
- O quê?! Você esquecia de torcer pro nosso tricolor e ficav-
- Não pai! Só nos jogos da seleção. Fica tranqüilo!
- Tá bom, vai. Lá tem o Kaka … eu entendo.
- E o Pato, né?
- Tá …
- E o Dung-
- Pára! Tem limite, filha!!
- Desculpa.- Bom … – pausa - … é uma decisão definitiva?
- Sim.
- E a Gigi?
- Pois é … é por isso que eu tão tou nervosa. Não sei como acabar com ela.
- Nossa … ela ainda não sabe? Eu fui o primeiro?
- Foi pai. Precisava de um conselho de como acabar um namoro com uma mina.
- Sei …Resignado, o jovem pai ficou olhando para a lista de compras presa na geladeira. O primeiro item era “leite sem lactose”.
- Tá vendo aquela lista, filha?
- Tou …
- Você consegue ler qual é o primeiro item?
- Consigo.
- Reparou que a parte que mais me exaltou dessa conversa toda foi a hora do leite.Agora rindo, ela apenas sacode a cabeça concordando.
- Pois é … eu sempre pulo o primeiro item da lista. Que normalmente é o mais importante, diga-se de passagem.
- Sei …
- Sabe porque eu faço isso?
- Não …
- Nem eu … Só sei que é batata. Não precisa torcer que aconteça. É só esperar. Não tem erro.
- O que isso tem a ver com história, pai?
- Nada filha … Eu só reparei isso recentemente e tentei fazer um paralelo interessante.
- Não deu certo …
- Percebi. Silêncio.
- Olha, filha. Não sei o que te falar, não. Concordo com a cantora quando ela diz que nós somos rasos e retos, e que vocês são profundas e oblíquas … acho que, apesar de anti-natural hoje em dia, até faz sentido você querer experimentar essas coisas novas …A menina olha para o pai com um olhar agradecido e ao mesmo tempo admirado. Ele continua:
- Mas tenho certeza que você não vai simplificar muito mais as coisas, não. É só ver o que aconteceu comigo e a sua mãe.
- Eu não vi nada, né, pai? Vocês separaram no meio da gravidez dela.
- É verdade. Não tou acertando uma, hoje. Risos.
- Mesmo sem saber o que te falar agora. Eu vou estar do seu lado, filha. E vou tentar te ajudar no que eu puder.Ela se derrete ainda mais, agora pulando em cima dele:
- Pai, você sabe que eu te amo muito, né!? Por isso que quis te contar antes de todo mundo.
- E eu fico muito feliz por isso, filhinha. Tou bem assustado, mas ainda sim feliz.
-Lindo! Separando o abraço, e olhando para ela muito sério, ele diz :
- Mas posso só te pedir uma coisa ?
- Claro, paizinho.
- Nunca, mas nunca mais fala pra mim de você transando com um homem.
- Tá …
- Não tem pai nenhum no mundo preparado pra isso.
- Uhum!
- E principalmente com o Dunga …
Mais risos.
- E passa essa droga de leite de soja pra cá que eu tou com sede.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A fruteira está na moda...


Mais um fenômeno da TV, tão descartável como todos os outros, agora surgem por aí mulheres-fruta para povoar o imaginário lascivo dos pobres homens. E mulheres também, por que não?
Passei em frente a uma banca de jornais e vi, pasmado, é claro, gigantescos glúteos na capa de famosa revista de mulher pelada. A legenda dizia que era uma tal Mulher-Melancia, que graças aos predicados e objetos direto da moça, dispensa-se a explicação do epíteto.

Não sei o que a moça faz da vida, não sei se é atriz, cantora de funk ou assistente de palco de algum programa, mas se a genética (ou a medicina) foi generosa com a menina e se ela não se importa em ser uma Pagu da desvalorização feminina, qual o problema de estampar seus glúteos para a patuléia enfurecida?

Em outra revista, na mesma banca, anunciavam com bastante entusiasmo a iminente publicação de uma tal Mulher-Moranguinho do jeito como veio ao mundo. Olhei bastante a foto da moça, mas neste caso não fui capaz de associar as similaridades entre a frutinha e a retumbante menina. Pensei na pele do morango, com diversos buraquinhos e tentei uma analogia com a celulite. Mas lembrei que as pessoas ainda não atingiram ainda um nível de evolução humana suficiente para colocar uma moça com celulite ululante na capa de revista de mulher pelada. Então não poderia ser essa a ligação.

Eu gosto de mulher com celulite. Questão de lógica: TODA mulher tem celulite. Eu gosto de mulher. Portanto, gosto de celulite. É claro que para tudo tem limite.

Não faço idéia porque a Mulher-Moranguinho ganhou este apelido. Como, assim como sua colega, também não faço idéia do que ela faça. Mas isso não importa de qualquer maneira. Eu nunca irei encontrar com nenhuma das duas por aí, então que cada uma fique na sua fruteira.
Agora, eu conheço diversas outras Mulheres-Fruta por aí.

Aqui no prédio onde trabalho, por exemplo, também trabalha a Mulher-Pêra. Ela possui a cabeça pequena e longilínea, um tórax curto e um quadril imenso. Gigante mesmo. De longe, uma pêra. De perto, também.

Nos meus tempos de escola estudei com a Mulher-Laranja. Além da pele grossa, marcada por espinhas, ela gostava de, bem, ela gostava que os meninos fizessem com ela exatamente o que se faz com uma laranja.

Na faculdade havia a Mulher-Jabuticaba. Por motivos parecidos com a descrita acima.

Enfim, bobagens.

Qual será a próxima invenção midiática para vender mocinhas (e revistas) de bom acabamento? Mulher-Fruto-do-mar? Mulher-Papelaria? Mulher-Supermercado? Mulher-Minerais?

Mulher-Celulite?

Duvido.

domingo, 22 de junho de 2008

Crescendo

- Pai.
- Oi filho.
- Posso perguntar uma coisa?
- Claro filho.
- Quando eu for grande, eu vou ter que colocar gravata todo dia?
- Não necessariamente filho. Vai depender de onde você trabalhar.
- Hummm…
- Por quê?
- Por nada.
- Você não gosta de gravata?
- Ah…fica engargejando.
- Hehehehe, enga-o quê?
- Engargejando. Não dá pra respirar.
- Mas desde quando você usa gravata pra saber?
- Não uso, mas uma vez amarrei uma fronha pra ver como ficava e não conseguia respirar. Muito ruim.
- É filho, não posso falar que é das coisas mais confortáveis. Mas você se acostuma. Alem do mais, nos melhores trabalhos você tem que usar gravata.
- É mentira.
- Como assim mentira?
- Astronauta não usa gravata.
- É verdade. Astronauta não usa. Mas o resto usa.
- Bombeiro também não.
- Ok, ok, mas são poucos.
- O tio que controla a fila no Hopi Hari também não.
- Eu entendi. Você está certo.
- Nem o Ronaldinho. Ele só usa gravata quando vai ganhar prêmio.
- É verdade.
- Também, imagina que engraçado se ele jogasse de gravata. Ele correndo com ela pendurada voando?
- Ia ser engraçado.
- E se ele fizesse um gol de gravata. Pai, gol de gravata vale?
- Olha filho. Desde que a gravata não esteja em posição irregular deve valer sim.
- Quê?
- Valeria sim filho. Se vale de chuteira vale de gravata né. É tudo roupa.
- É verdade. Pai, quando eu for grande, eu vou poder pular no pula-pula?
- Só se for um pula-pula bem grande.
- Legal. Adoro pula-pula. E ganhar brinquedo? Eu vou ganhar brinquedo quando for grande?
- Ah filho, aí depende de quem for te presentear. Mas nada impede.
- Mas porque você nunca ganha brinquedo pai?
- Porque sua mãe acha que basta o tanto que eu brinco com os seus.
- E ela não gosta quando você brinca comigo pai?
- Gosta sim filho. Mas não o tempo todo.
- Porque pai?
- Porque se brincarmos o tempo todo não sobra tempo pra ela.
- Pra brincar com ela pai?
- Isso filho. Pra brincar com ela.
- E de que vocês brincam pai?
- Errr…de muitas coisas filho. Depende do dia.
- Depende do dia?
- É filho. Se sua mãe teve um dia bom, brincamos de uma coisa, se foi muito bom, de outra. Se é dia que chego tarde não brincamos de nada.
- Entendi. É que nem eu e a carlinha então. Quando a mãe dela briga com ela nós não brincamos. A mãe dela não gosta que ela brinque só comigo e não fique com ela.
- Isso filho. Comigo e sua mãe é quase igual.
- É difícil né pai.
- É filho. É difícil.

sábado, 31 de maio de 2008

Amor Político

Alguns sentiram falta dos textos em que falo sobre o Amor. Mas, é que para se escrever sobre o Amor, é necessário de um pouco de sofrimento. E, na atual conjuntura, não me encontro sofrido. Tão pouco sofrível. Porém, como os pedidos foram muitos, eis que estou aqui novamente.

Há que se ressaltar que, aqueles que esperam uma crônica melosa, cheia de frases de impacto, esqueçam. Melhor lerem maktub ou algo que o valha. Confesso estar meio que sem paciência para as ditas cartas de amor.

O Amor, assim como tudo em nossa sociedade, é algo politizado. E, ele é assim, desde os primórdios.

Com Adão e Eva, havia um Amor incondicional que o Todo-poderoso tinha com os dois. Mas, como o ser humano é passível de erros, foram traí-Lo justo com uma maçã. Digamos à fome.

Enfim...

Quem dera eu tivesse a máquina do tempo de Júlio Werner para, aí sim, relatar sobre todas as formas de amor. Mas, como não o tenho, utilizo-me da minha parca memória.

Com o passar do tempo, o amor foi tomando formas. No surgimento do Código de Hammurabi, no “olho por olho e dente por dente”, o Amor seguia as tendências da época, qual seja: “dá ou desce”. Essa coisa de meio termo, de “ah, vamos conversar”, inexistia à época.

Evoluindo a humanidade e, como Amor é algo milenar e passa por transformações, surge o Amor Feudal, baseado no sistema de suserania e vassalagem: “você me ama e acabou-se”. Os senhores feudais mantinham, sob sua guarda, toda a vassalagem amorosa perto de seus castelos e, quando enjoavam, faziam suas trocas de amor. Tempos depois, perceberíamos que isso, nada mais era, do que juras de amor que nunca são cumpridas.

Passado a parte dos escambos, permutas e trocas muitas vezes não igualitárias, já que não havia maneiras de se medir amores, e eles vão e vem, o capitalismo amoroso veio pra ficar mesmo. E fica até hoje. Impregnou.

Na verdade, não tivemos uma Revolução Industrial, mas uma Revolução Amorosa. Algo como: “quanto vale o amor que eu sinto por você?”. Depois disso, a vida dos apaixonados e amantes nunca mais foi a mesma, haja vista os inúmeros processos milionários que envolve os divórcios mundo afora.

Esse amor é conhecido, também, como o Amor Capital, onde a troca feudal foi esquecida para dar lugar no “que é que eu vou lucrar com esse amor?”, como ouvimos à boca pequena e larga.

Mas, não é só de mazelas que vive a humanidade.

O Amor, como ser mutável que é, necessitava de outras revoluções, de transformações. Eis que surge Marx para dar uma nova cara. Não que fosse algo muito melhor, mas era de bom tom que o Amor fosse algo mais... mais... comum, de todos e para todos.

O Amor comunista veio, principalmente nas entranhas das universidades, para ficar. Era necessário socializar o Amor. Coisas como “ah, amar apenas uma pessoa é egoísmo demais”. Com a entrada do Amor Socialista, nada a ver com amores de socialites, houve um maior compartilhamento do Amor e um retorno ao tempo de Cristo, o maior comunista da história, “amem uns aos outros”. Aí foi aquela loucura de distribuição amorosa mundo afora e, principalmente, adentro.

Tendência natural da espécie, necessitávamos de que o Amor, retornando à Roma de Grécia, se tornasse uma res publica, uma coisa pública de fato. Daí, tornaram-se comuns as serenatas debaixo das janelas. O problema de se tornar algo tão íntimo público, era o famigerado olho gordo. Houve, então, uma mistura do Amor Republicano com o Amor Capital: quem tem mais, leva. Com o tempo, perceberam que a alma do amor é o segredo. Algo velho, mas que denominaram de “amor platônico”.

Bom mesmo foi a invenção do Amor Ditatorial: “Você me ama porque eu quero e pronto. Não resmunga e nem dê siricuticos”, e a pessoa saia cabisbaixa, pois sabia que era a parte hipossuficiente da relação. Tempos depois, o isso seria chamado de ciúmes, pois sabe-se que todo ditador é um tanto quanto inseguro e quer, sempre que pode, manter o controle, custe o que custar.

O surgimento do Amor monárquico foi algo estupefato. Em alguns lugares ainda persistem: “O Amor sou eu”, embora, houve grande confusão, principalmente, pelo surgimento, como o descrito nesse parágrafo, pelo Amor Absolutista. Um amor interessante, nessa mesma linhagem da monarquia, foi o Amor Esclarecido: “Te amo e você sabe, mas amo outras também”, sinceridade antes de qualquer coisa.

Ah... mas o grande invento do ser ainda estava por vir: o Amor Anárquico. Fácil de se entender, afinal, “é ninguém é de ninguém”, sem essa coisa de exclusividade. Daí surgiram movimentos como o movimento hippie, que se perpetua, assim como no Amor Social e Comunista, nas universidades.

Porém, impossível não falar do Amor Democrático, afinal, o Amor emana do povo. E, nessa emanação de Amor, carinho e afeto, “é tudo nosso”. E tem sido assim: o Amor é de todos e compartilhado por poucos, mas está lá para quem o quiser viver.

E, por último, há o Amor Ideal. Porém, como idealistas são apaixonados e nunca amantes, conclui-se que esse Amor é natimorto. O Amor Ideal não existe, mas há quem tenha esperanças de vivê-lo algum dia.