terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ciclos de vida

Com o passar dos anos está ficando muito claro pra mim que, assim como no ciclo de vida tradicional, na vida profissional passamos pelo mesmo processo. A parte do “reproduz” no segundo caso pode dar justa causa, mas em linhas gerais, acho que dá pra fazer um paralelo bem próximo.
É mais ou menos assim.

- Universitário = Bebê. O projeto de profissional ainda vive num ambiente controlado, mimado por todos os lados, sem saber lidar nem com as próprias cagadas. Sua principal preocupação é a hora da comida (cervejadas, churrascos, e por aí vai …) e tudo que virá pela frente, ainda está longe demais pra virar preocupação.
Expressões típicas : Buááááá!!, Cof-cof-cof-cof!!, Burp!, Uhúúúúúú!!, Aêêêêêê!!, Zzzzzzzz!!.

- Estagiário = Criança. A pessoa já aprendeu a falar, já sabe o que é errado e o que não é. Chora um pouco nos primeiros dias de aula, mas depois começa até achar divertido. Fazer as lições é um pouco chato e repetitivo, mas ainda assim, tem medo de levar bronca das professoras e diretores, então vai levando (mesmo porque apesar de chatos, os deveres nem são tão difíceis). Adora mesmo a hora do lanche (principalmente nas festas de fim de ano), pra ficar zuando com os novos amigos.
Expressões típicas : Buááááá!! Uhúúúúúú!!, Aêêêêêê!!, Zzzzzzzz!!, Nossa!!, Que legal!!, Eu quero!!, Não foi culpa minha!!, Estagiária nova!!

- Profissional Júnior = Adolescente. O cara começa achar que já entende da parada. Afinal de contas, já fez faculdade, passou por um estágio e agora tá no ponto de dominar o mundo! Aquele bando de velhos que estão acima dele não sabem de nada. Se ele tivesse no lugar deles, aí sim a vida ia ser boa. Mas quando tem que assumir qualquer responsabilidade maior, reclama que nunca tinha tido que fazer aquilo antes. Em contrapartida, normalmente tem uma energia irritante pra trabalhos braçais (que considera os mais importantes de todos) e se acha o máximo fazendo viagens só porque a firma tá pagando tudo (trouxas!). Alguns começam tentar a seduzir os pais das formas mais questionáveis pra ganhar aumento na mesada. Outros acham esse tipo de vida tão louco que preferem ficar por aí ad infinitum.
Expressões típicas: Que legal!! Eu quero!!, Não foi culpa minha!! Se eu tivesse no lugar dele …, Esse final de semana eu me acabo!, Não vai dar tempo! Essa estagiária nova, heim?!

(Nota do autor: daqui em diante, a coisa fica um pouco mais nebulosa. É muito mais fácil falar duma fase que você já passou por completo …)

- Profissional Pleno = Adulto. Algumas alegrias e decepções depois, a pessoa já sabe que nem tudo funciona como deveria, mas é assim que as coisas funcionam. Na média, o profissional entende que tem uma série de deveres e responsabilidades. Maiores responsabilidades incrementam a conta bancária mas também podem diminuir as horas de sono e vida pessoal. Vai da personalidade da pessoa caminhar na direção que mais a realiza.
Expressões típicas: Se eu tivesse no lugar dele…, Esse final de semana é melhor eu descansar., Ainda não tá pronto?, Eu mato aquele moleque!, Bela estagiária …

- Sócios, Donos, etc. = Idoso. O sujeito já entendeu como funciona o jogo. Não tem mais paciência pra lidar com o que não faz diferença. Adora ter gente achando que é mais esperta que ele por perto, porque sabe que aí as coisas vão continuar sendo feitas como ele quer. Tem uma certa complacência com aqueles que seguem um caminho próximo ao seu e por conta disso, algumas vezes, protege gente que ninguém entende o motivo. Continua tocando o negócio mais por hábito do que por necessidade.
Expressões típicas: Não quero saber!, Não me interessa!, Quando eu comecei …, Num tenho mais idade pra isso! Esses meninos …,Que que essa menina faz aqui mesmo??,

- Aposentado = Morto. Pode acabar no Céu ou no Inferno. O resultado de todas suas ações ao longo de vida vai determinar o seu destino final.
Expressões típicas: No meu tempo …, Num tenho mais idade pra isso!, Esses meninos …, Cadê meu pulôver?, Ah se eu fosse mais jovem …

Enfim … Agora só resta torcer pra chegar nessa fase pronto pra assumir um lugar lá em cima. E me dá licença que vou pra minha missa. Xo Satanás!!

domingo, 31 de outubro de 2010

Corte as cordas


Não conheço muita gente que, conscientemente, goste de colocar sua vida nas mãos de outras pessoas. Por mais que sejamos inseguros e medrosos, queremos estar nas rédeas de nossas próprias vidas. Podemos uma hora ou outra pedir para alguém escolher nosso caminho por nós, mas nunca abrimos mão do poder de veto. Do direito de ir e vir. Do livre arbítrio.


Pois bem, então por que gostaríamos de dar poder sobre nossas vidas a outras pessoas? Porque deixamos que outros, que não nós mesmos, estraguem ou “façam” nossos dias? Você vai dizer, “porque vivemos em sociedade, dependemos dos outros em uma infinidade de coisas, e (ainda) não somos eremitas que moram no topo no monte Kisozinho nos alimentando de cogumelos”.


Sim, somos influenciados por pessoas que nem conhecemos, fornecedores, amigos, amigos de amigos, psicólogos, chefes, et cetera. Mas isso não quer dizer que esses sejam nossos donos, ou que sejamos simples fantoches de seus caprichos.


Sejamos nós pessoas que precisemos viver rodeados de gente ou prefiramos ficar sozinhos, estamos acompanhados constantemente. Esses que nos acompanham dificultam e facilitam nossa vida. Estouram nossos prazos ou nos falam o que precisamos ouvir naquele momento, daquela maneira em cima de um cavalo branco.


E só.


Nossas vidas são assim, pulando de dificultadas e facilitadas, mas não estragadas ou coroadas por ninguém. Ninguém deve ter esse poder. Ninguém é responsável o bastante para isso. Por isso, terapeutas sérios nunca te dizem o que você deve fazer, no máximo te fazem entender o que deve fazer.


Somos sozinhos, todos nós, felizes ou tristes, e isso depende de nós. Depende de identificarmos quem facilita e dificulta, aumentando os que nos ajudam, diminuindo os que atrapalham. Depende de sermos plenos, todo melancolia, todo frustração, todo empolgação, todo amor. Inteiros, sem ninguém meter a mão onde não é chamado.

sábado, 23 de outubro de 2010

De bom tom

- Você é um cara de pau!

- Sem dúvida. Mas quem está falando?

- Você é muito cafajeste mesmo. Tem a pachorra de me perguntar quem eu sou.

- Ok, olá pessoa estranha com voz esganiçada…

- Larga de ser grosso. Eu sei que você anotou meu telefone.

- E?

- E sei que meu nome apareceu aí.

- Sim, boneca. Mas veja bem, eu não sei que Joyce é você.

- Ah, pára. Como se conhecesse muitas Joyces.

- 7.

- Hein?

- 7. Conheço 7 Joyces.

- Jura? Nossa, nunca conheci nenhuma além de mim.

- Você vê, boneca? É um mundo louco.

- Não foge do assunto! E para de me chamar de boneca.

- Ok.

- Por que você não me ligou?

- Querida, eu não sei nem quem é você. Me dá uma ajuda que te respondo.

- Sou eu. Joyce. De ontem.

- Ontem, ontem….

- Salesbar. Nos conhecemos no Salesbar.

- Ahhhh… to lembrando. Loira, conversamos perto do banheiro.

- Morena. Pista.

- Ah, tá. Essa Joyce.

- Você conheceu outra Joyce ontem?

- É possível. Mas lembro de você sim. Tinha um sapato engraçado.

- Por que você não me ligou?

- Hummm, esqueci algo com você?

- Não.

- Então por que ligaria?

- Oras, porque é de bom tom.

- Jura?

- Ah, vai dizer que não sabe que uma mulher espera que o homem liga depois…depois…que ficamos mais íntimos.

- Querida, nós ficamos íntimos atrás da caixa de som, apoiados em um engradado de cerveja.

- E daí?

- E daí que achei que tínhamos esquecido o bom tom por lá.

- Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

- Pô, não sabia. Na próxima te ligo.

- Próxima vez? O que te faz acreditar que haverá uma próxima vez?

- Ah, sei lá. Gostei de você.

- É?

- Sim, você é a Joyce mais bonita que já conheci.

- Melhor que as outras 6?

- De longe.

- Brigada.

- Que vai fazer hoje boneca?

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Em uma Central de Atendimento

Toca o telefone...

- Alô.

- Alô, poderia falar com o responsável pela linha?

- Pois não, pode ser comigo mesmo.

- Quem fala, por favor?

- Edson.

- Sr. Edson, aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção OI linha adicional, onde o Sr. tem direito...

- Desculpe interromper, mas quem está falando?

- Aqui é Roselaine, da OI, e estamos ligando...

- Roselaine, me desculpe, mas para nossa segurança, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser?

- Bem, pode..

- De que telefone você fala? Meu bina não identificou.

- 10331.

- Você trabalha em que área, na OI?

- Telemarketing Pro Ativo.

- Você tem número de matrícula na OI?

- Senhor, desculpe, mas não creio que essa informação seja necessária.

- Então terei que desligar, pois não posso ter segurança que falo com uma funcionária da OI. São normas de nossa casa.

- Mas posso garantir....

- Além do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legião de atendentes sempre que tento falar com a OI.

- Ok.... Minha matrícula é 34591212.

- Só um momento enquanto verifico.

(Dois minutos depois)

- Só mais um momento.

(Cinco minutos depois)

- Senhor?

- Só mais um momento, por favor, nossos sistemas estão lentos hoje.

- Mas senhor...

- Pronto, Roselaine, obrigado por ter aguardado. Qual o assunto?

- Aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção, onde o Sr. t em direito a uma linha adicional. O senhor está interessado, Sr. Edson?

- Roselaine, vou ter que transferir você para a minha esposa, porque é ela que decide sobre alteração e aquisição de planos de telefones.

- Por favor, não desligue, pois essa ligação é muito importante para mim.

(coloco o telefone em frente ao aparelho de som, deixo a música Festa no Apê do Latino
tocando no Repeat (quem disse que um dia essa droga não iria servir para alguma coisa?), depois de tocar a porcaria toda da música, minha mulher atende:

- Obrigado por ter aguardado.... pode me dizer seu telefone pois meu bina não identificou..

- 10331.

- Com quem estou falando, por favor.

- Roselaine

- Roselaine de que?

- Roselaine Oliveira (já demonstrando certa irritação na voz).

- Qual sua identificação na empresa?

- 34591212 (mais irritada agora!).

- Obrigada pelas suas informações, em que posso ajudá-la?

- Aqui é da OI, estamos ligando para oferecer a promoção, onde a Sra tem direito a uma
linha adicional. A senhora está interessada?
- Vou abrir um chamado e em alguns dias entraremos em contato para dar um parecer,
pode anotar o protocolo por favor.....alô, alô!

TUTUTUTUTU...

- Desligou.... nossa que moça impaciente!

domingo, 23 de maio de 2010

Eu me amo

Existe uma diferença notável entre ser bonito e te acharem bonito. Ser bonito é se aproximar da unanimidade. É ser aquela pessoa reconhecida pela beleza, independente das outras qualidades. É saber que estão olhando para você.

O resto do mundo é “achado bonito”. Sem razões claras, todos nós, habitantes do planeta Terra, encantamos um certo grupo de pessoas com nosso visual. É a panela e a tampa, a cegueira do amor, a atração inexplicável, a loira rica gostosa com o baixinho, careca e pobre.

Os bonitos universais tem menos problemas. Estatisticamente tem mais sucesso social e profissional. Já os bonitos relativos. Bem, nós sabemos que não é fácil lidar com nossa auto-estima. Sejamos mais ou menos seguros, em algum momento vamos nos perguntar porque tal pessoa não se interessou por nós em vez de se jogar em cima daquela outra pessoa, bem mais feia que você. Na sua opinião.

Pois bem, após uma rejeição, naturalmente nos sentimos mais feios. Assim como após uma aprovação, nos sentimos melhores. E é aí que está o perigo. Uma coisa importante como a auto-estima não pode ser colocada nos olhos dos outros. Do contrário não contaria com o prefixo “auto” no nome.

Mais e aí? Como se “auto-estimar”? Simples e difícil. Basta gostar do que está vendo no espelho. Sabemos bem que gostar do que vê no espelho, pouco tem a ver com seus músculos ou gordura. Ok, tem a ver, mas não é determinante. Afinal, se a gostosa está dando bola pra você, tenho certeza que fica apaixonado pelo próprio reflexo. Se sente o rei do mundo, e ninguém é impossível. Aliás, todas na balada estão dando mole.

Analisemos o que teria mudado se não estivesse sendo cortejado por uma gostosa, ou se aquele cara gato não estivesse louco por você. Nada, certo? Não na sua aparência física ao menos. É na mente que a mágica acontece. É ela que faz com que se sinta mais bonito, em forma e isso te deixa mais seguro e confiante. E como são atraentes as pessoas seguras e confiantes. Não confundir com convencidas e egocêntricas. Como diz a música, “todo mundo ama um vencedor”.

Então, nos preocupemos com o que nós mesmos achamos de nossas pessoas. Se pergunte se você sairia consigo mesmo. Se não, mude o que deve ser mudado. Só isso fará com que se apaixone por você mesmo, e o resto das pessoas seguirão o exemplo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A dieta do coração

Não nego, acho bonito dizer que vivo intensamente. Não é mentira, sou péssimo nessa história de parcimônia, parece que na outra vida tive morri por inanição de sentimentos. Hoje vejo um prato cheio de sensações e emoção e como até engasgar de tão rápido. Obviamente, nem sempre faz bem.

Ser intenso é sim bonito, soa rebelde e romântico, mas gera consequências. A fartura invariavelmente provoca obesidade. Difícil manter uma dieta equilibrada quando se é compulsivo por sentimentos. Portanto, após 29 anos de farra sentimento-alimentar, percebi que talvez eu esteja precisando de uma dieta. Resolvi controlar os grupos de sentimentos.

Primeiro devo cortar a paixão. Ela é o aperitivo que abre o apetite do coração. A paixão sempre chega antes, farta e bem servida, junta a fome com a vontade de comer. Se estamos de coração vazio podemos até nos empanturrar de paixão a ponto de não sobrar espaço pra mais nada.

Na sequência, elimino o grupo dos encantamentos. Nada de consumir coisas que te façam sentir que está descobrindo um novo mundo. De que está presenciando verdadeiras novas experiências. Nada que te faça sentir que, de alguma maneira, sua vida nunca mais será a mesma.

O grupo da intimidade também deve ser evitado. Desde a despreocupação em encostar em qualquer parte da pessoa, até realizar uma fantasia sexual interminável. Não é hora de se sentir relaxado, de sorrir ao ver alguém dormindo, de se despir.

O comprometimento é completamente vetado. Laços, nós, correntes, nada disso pode nem passar perto do coração. Uma vez que se provam quaisquer tipos de comprometimento, o processo de engorda é praticamente irreversível. Além de ser difícil de digerir, provoca feridas horríveis se expelidos antes da hora.

Acredito que evitando esses grupos de sentimento estou a salvo por um tempo. Posso, enfim, perder o peso que faz meu coração se arrastar, empanturrado. Essa carga que ás vezes ele parece querer expelir de tão cheio. Para de novo ficar vazio, puro, novo.

Como toda dieta, devemos evitar tudo aquilo que mais gostamos na vida, aquilo por que vivemos, com o objetivo único de melhorar nossa saúde, mirando mais e mais experiências gastro-sentimentais.

Caso dê errado, acabamos chegando no sentimento mais letal de todos, o amor. E esse não se pode evitar, não se corta, diminui, impede. Afinal o destino dele não é o coração como tantos dizem. É os pulmões...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Só um bombom...

- Aquele desgraçado só pode estar querendo me deixar louca.

- Calma Rita. Não vai ficar assim por causa daquele babaca.

- Ah Nanda não é possível. Ele só pode estar brincando com a minha cara.

- Não é pra falar que eu te avisei mas eu avisei.

- Mas com ele era tão diferente. Ai como eu sou uma idiota mesmo. Em pensar que acreditei que pudesse até dar casamento.

- Ai amiga eu queria tanto que você estivesse certa. Mas eles sempre fazem esse tipo de coisa. Você lembra do meu caso com o Pedrinho né.

- Lembro!

- E com o João Carlos.

- Sim, sim.

- E com o Paulinho, o Adalberto e com aquele cara que transava com um pé de meia social.

- Tá, tá, tá. Não precisa me relembrar todas suas aventuras sexuais.

- Desculpa. É que eu não me controlo.

- Sabe Nanda, com ele tudo foi melhor. Tudo certo. Não foi a toa que eu falei pela primeira vez “Eu te amo”.

- Primeira vez? Jura?

- Sim.

- Mas e todas aquelas vezes com o “Rocko”.

- Com o “Rocko” não conta. Eu só falava por que ele sempre me dava orgasmos multiplos.

- Ah bom.

- Mas dessa vez não. Falei mesmo ele não sendo tão bom de cama assim. Mesmo tendo aquela mania de estalar os dedos dos pés e mesmo não sendo nem de perto tão gostoso quanto o “Rocko”.

- Ai o “Rocko”. Por que você terminou com ele mesmo?

- Ele nunca aprendeu meu nome Nanda.

- Mas não dava pra dar um pouco mais de tempo pra ele.

- Eu tentei por seis meses. O que mais você queria???

- É você tá certa. Mas é que ele era tão…tão…

- Nãn. Chega. Só me faltava essa agora. Eu com um problemão e vc falando do “Rocko”

- Você tá certa. Desculpa amiga.

- Mas então. A noite foi ótima. Ele estava lindo, o cabelo todo pra trás, cavanhaque desenhadinho e aquela camisa de cetim que dei pra ele. Cavalheiro, abriu a porta do carro, me serviu vinho e me deu o lado de dentro da calçada para eu andar. Especialmente romântico. Até a Lua que estava cheia parecia ter sido encomendada por ele pra deixar a noite mais mágica.

- Mas o que deu errado?

- Bem. É melhor perguntar o que deu certo. Depois da sobremesa ele já tomando o café dele como usual, segurou minha mão e ficou olhando fundo nos meus olhos. Me disse como eu estava linda, e como nunca tinha admirado tanto uma mulher.

- Ok. Mas até aí estava tudo perfeito.

- Sim. Mas eu envolvida por tudo isso não me aguentei a acabei falando as famosas três palavras.

- Vamos dar uma?

- Não sua besta. Eu te amo.

- Eu também te amo Ritinha. Mas o que você falou pra ele?

- Não você Nãn. Falei que eu amava ele.

- Você não me ama. E eu pensando que éramos melhores amigas! Depois de anos de amizade…

- PÁRA! PÁRA! PÁRA! Nãn. Eu te amo também. È que estou falando de outra coisa. Afinal dá pra ter um pouco mais de foco em mim por favor.

- Tá bom, tá bom. Desculpa.

- Voltando ao meu problema. Depois de ter falado que o amava você sabe o que ele me falou?

- O que?

- Obrigado.

- De nada. Mas o que ele falou?

- ELE DISSE OBRIGADO. Nãn, presta atenção. Eu disse “eu te amo” e ao invés de ele falar “eu também” ele me agradeceu.

- Noooooossa. Que cafajeste. Como é canalha. E o que você fez?

- O que eu fiz? O que eu podia. Meu reflexo foi sair de lá na hora. Mas o restaurante era longe da minha casa e eu tava com aquela minha sandália preta com strass na tira sabe?

- Sei. Nem moooorta você chegava em casa com aquela sandália. Aliás você pode me emprestar, vou numa festa sábado e combina tanto com aquele meu vestidinho preto sabe.

- Sei sim. Vai ficar linda.

- Então. Dai você fez o que?

- Bem. O que pude. Esperei ele pagar a conta e pedi pra me levar pra casa.

- E depois disso? Vocês se falaram?

- Ele me ligou no telefone mas não atendi. Daí hoje ele me deixou um presente na portaria. Um bombom. Você vê que cara de pau. Além de tudo ainda é mesquinho. Não me trouxe nem uma caixa.

- É amiga. Não tem jeito. Parece que não é dessa vez . Bem, agora tenho que ir. Vou almoçar com um cara que conheci no ponto de ônibus hoje, uma gracinha. Mas não fica assim. Ele vai pagar por isso. Vou falar com aquela minha prima do terreiro e teremos sua vingança.

- Ai brigado amiga.

- Beijinho linda. Força. Posso levar o bombom?

- Não força né Nãn.

- Não custa tentar né….vai saber, você tá com raiva dele…

- Tchau nandinha.

Doze dias depois Rita não aguentando mais de chorar e xingar seu ex-amado teve que apelar ao bombom. Nada melhor que chocolate para curar dor de amor. Ao abrir a embalagem se surpreendeu encontrou uma aliança seguida da seguinte mensagem:

Rita, me desculpe por ser ruim com as palavras. Essa foi a maneira de te dizer que te amo. Case comigo.