sexta-feira, 26 de junho de 2009

You can’t, always give what you want

Apesar de adorar aprender, e observar o comportamento de todos o tempo todo, certas lições demoro para pegar. Talvez porque não queira, talvez porque demore a aceitar que estou errado. Mas seja lá o que for, quando aprendo levo pro resto da vida. Não esqueço nem faço corpo mole.
Algumas dessas lições foram: amigos não são pra sempre, amores não são pra sempre, não espere dos outros o que você faz por eles, não confie em ninguém. Ao longo dos anos fui aprendendo de maneiras dolorosas tudo isso. Mas fui incorporando ao meu jeito de viver, mesmo discordando internamente, entendo que são conceito imprescindíveis para meu bom convívio social.
A última lição que tive foi a de que nunca devo dar mais do que me foi pedido. Posso ainda ser surpreendente, encantar como quiser, mas se concentrar em dar o que as pessoas estão pedindo tem de ser o foco principal. E isso funciona em todas as esferas. Lembro bem de um amigo me falando que em sua empresa, tinha um funcionário que depois de vinte anos de casa, ainda insistia em “fazer as coisas certas”. Na hora morri de dar risada, e não entendi o que havia de errado. Ele explicou que as coisas não são assim, o funcionário não é contratado para fazer as coisas da maneira certa, e sim para fazer o que lhe foi pedido. Dessa maneira ele será útil de verdade, do contrario será apenas um chato.
No âmbito pessoal acredito que isso seja verdadeiro também. Cansei de dar ás pessoas todo meu melhor, meu respeito, carinho, companheirismo, tentando ser o mais próximo do parceiro ideal. O parceiro ideal no meu ponto de vista. O homem que passaria mais segurança, cuidado, que trataria suas mulheres como princesas num pedestal. Ou quase isso, afinal sexo não entra nessa equação.
O problema é que sempre achei que isso era o bastante, que se falhasse em outros pontos, essa base sustentaria o relacionamento. Errado. Ainda que mulheres sejam seres indecifráveis, basta parar para ouvi-las com atenção que se entende o que querem. E muitas vezes, querem algo muito mais simples do que você oferece. Nenhuma mulher quer de verdade um príncipe encantado genérico, de cavalo branco e armadura reluzente. Ás vezes o cavalo é dispensável, afinal, o que ela gosta é de andar mesmo, e a armadura pode ser enferrujada, desde que limpinha.
A real é que o homem dos sonhos de qualquer mulher é aquele que a escute de verdade, que entenda o que é importante para ela em cada momento, que supra suas necessidades, seja uma aliança no dedo ou um porre no bar da esquina. Não importa, basta ouvir e se possível ser companheiro.
Portanto, parei de pensar no que eu acho que seja melhor para elas, apenas escuto com atenção, e dou o que me foi pedido, assim como não espero que me ofereçam o que acham melhor para mim, e sim o que manifesto que quero. Usando das palavras de meu amigo Jagger, com uma pequena mudança:
You can’t, always give what you want
But if you try sometimes, you give what you’ve been asked.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Já fui casada

Imaginem estas duas situações:

Cena 1

Um happy-hour num desses barzinhos modernos, com mesas de madeira escura na calçada e pé-direito bem alto (alguém pode me explicar a origem do pé-direito?). Uma mesa repleta de jovens engravatados próxima a uma outra mesa repleta de mocinhas de scarpin, meias-calça e saias pretas.

Um dos jovens engravatados troca olhares com uma das jovens de saia preta. Ela sorri. Ele vai até ela. As amigas dela aplaudem. Os dois se apresentam, conversam, ele diz coisas engraçadas, ela ri, ele pede o número do celular, ela dá, ele diz que o sorriso dela é lindo, ela diz que gosta de homens maduros, ele diz que gosta de mulheres exatamente como ela, mas ela arremata:

- Ai, pena que você fala igualzinho ao meu ex-marido.

Ela tem 23 anos.

Cena 2

Uma sala de aula de um curso de pós-graduação. Ele está no mesmo grupo de trabalho que ela. Eles trocam informações o dia todo por e-mail, por celular, e à noite, na aula, trocam olhares.

Certo dia, os dois desceram para tomar um café e comer um croissant e ele, já desesperado de tanta paixão, se declara. Ela sorri fraternalmente e diz que ele está confundindo as coisas, que o momento não é adequado e sentencia:

- Puxa, meu casamento acabou há pouco tempo, não quero me prender de novo tão cedo.

Ela tem 25 anos.

Eu não fui o infeliz protagonista dessas histórias, mas posso garantir que elas aconteceram. E cenas como essas se repetem diariamente e cada vez mais.

Tenho percebido um certo orgulho nas meninas em afirmar, com olhar altivo e seguro que já foram casadas. Elas têm ostentado isso como se fosse um rótulo de maturidade e experiência, uma espécie de mensagem subliminar para os pretendentes que diz: Olha, para ficar comigo você tem que ser no mínimo o máximo.

Gostam tanto de ostentar o rótulo de ex-casada que nem precisa ter sido casada de fato. Morou cinco meses com um sujeito e pronto, foi casada.

O engraçado é que todas essas adeptas do orgulho "já fui casada", que compete um certo ar de maturidade à elas, são extremamente imaturas.

Menininhas brincando de casinha e desfilando futilidade travestida.

Como dizia um saudoso amigo:

- Meus sais, onde estão meus sais?