sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Top secret

- E aí? Quem você tirou?
- Como assim quem eu tirei? Isso é pergunta que se faça?
- Pô diz aí. Vai ficar de frescura?
- Não é frescura. É amigo secreto. Coisas secretas devem ser mantidas em segredo.
- Ah! Frescura!
- Se é frescura fala o seu então.
- O meu o quê?
- O seu amigo secreto. Quem você tirou?
- Eu falo o meu se você falar o seu.
- Eu falo o meu se você falar o seu.
- Fala o seu primeiro.
- Não fala você.
- Não, eu perguntei primeiro.
- Então eu não falo nada.
- Então ta.
- Então ta.
- ...
- ...
- Fala aí vai.
- Mas que saco.
- Por favor
.- Mas porque você quer tanto saber.
- Porque sim.
- Me dá uma boa razão que eu falo, do contrário não.
- Não sei se poderia te falar.
- O que? O que você sabe?
- Não posso dizer.
- Porque não?
- Poderia te envolver demais nisso.
- Nisso o que minha nossa senhora?
- Sabe o que é...
- O que?
- É uma parada secreta entende?
- Que parada? Me conta cara, você está desconfiado de alguma coisa?
- Bem, não sei se eu poderia te falar maas...
- O que, o que?
- Eu suspeito que os resultados foram manipulados.
- Manipulados? Mas como assim?
- Acho que o sorteio não foi isento.
- Isento?
- É.
- E o que isso significa.
- É o que estou tentando descobrir. O Jader disse isso pra mim e não tenho idéia do que ele quis dizer, mas pretendo descobrir.
- Parece grave.
- Ô!
- Nossa.
- É.
- Salafrários.
- Nem me diga.
- Precisamos apurar isso.
- É, me diz aí quem você tirou.
- Não posso.
- Porque não? Você acabou de dizer que temos que apurar isso.
- Eu sei, mas...
- Mas o que?
- Você pode ser um deles.
- Eu? Um deles? Como assim?
- É. Você sabe demais.
- O Jader que me contou.
- Isso é o que você diz.
- Ah vai. Pára de bobagem.
- Não é bobagem. Não posso tomar nenhum partido antes de saber com quem estou lidando.
- Como assim saber com quem está lidando? Sou eu pô!
- Será?
- Será o que?
- Que é você.
- Lógico que sou eu. Você não me conhece?
- Não sei cara. Nesses jogos de espiões tudo é possível.
- Cara, o que você está falando? Que espião? Estamos falando de um amigo secreto.
- Exatamente.
- O que?
- Secreto. Sei como essas coisas são levadas a sério.
- Como assim levadas a sério? Nós usamos um guardanapo de bar para escrever os nomes.
- Pode desistir que você não vai conseguir me confundir. Sei o que está tentando fazer.
- Não estou tentando fazer nada.
- Conheço suas técnicas. Sou perito. Assisti Missão Impossível.
- Ah cara, então ta bom. Quer saber, não fala nada, você vai ver.
- Vou ver o que?
- Aguarde.
- Aguardar o que? O que você vai fazer?
- Você verá.
- Me fala cara. Não vou ficar tranqüilo assim. O que você quer dizer com isso?
- Represálias virão. Nós não ficaremos passivos diante disso?
- Represálias? Nós? Passivos? Não! Como assim? Eu não disse nada.
- Você não sabe com quem está lidando.
- Por favor, tenha misericórdia. Perdão
- Agora é tarde.
- Não faça isso comigo, eu tenho muito pra viver ainda.
- Deveria ter pensado nisso antes.
- Me fala, por favor, o que faço para me desculpar. Faço qualquer coisa.
- Qualquer coisa?
- Qualquer coisa.
- Então me fala uma coisa. Quem você tirou?

2 comentários:

Evaldo disse...

Show de bola Orlane, acho bacana esses textos precisos na fala, carregam um tom de simultaneidade enorme.. muito bom.

Diário de Veruschka disse...

Hilário!!!
rsrsrs