- Sabe de uma coisa?
- Que?
- Você está linda hoje?
- Por quê?
- Hein? Como assim por que?
- É. Por quê?
- Porque está ué. Não posso te elogiar?
- Pode. Mas porque isso agora?
- Porque deu vontade falar ué. Olhei pra você pensei “nossa, como ela está bonita”. Mas desculpa, não falo mais.
- Não é isso. Tem alguma coisa aí?
- Alguma coisa? Que coisa? Não tem coisa alguma.
- Tem sim. O que foi? Você fez algo errado?
- Não, não fiz nada. Não é possível que você vai fazer isso.
- Isso o que?
- Transformar um elogio meu numa briga.
- Não é briga. É que você disse uma coisa estranha então deve explicações.
- Explicações??? Como assim explicações? Ta bom. Gostei do jeito que seus cabelos estão caindo sobre seus ombros. Da sua feição feliz.
- José Roberto, não me provoca.
- Te provocar???
- É, fica fazendo gracinha pra escapar.
- Escapar do que???
- Do que??? Que cara de pau. Do que você fez de errado.
- Errado? O que eu fiz de errado?
- Você quem me diz.
- Isso ta ficando louco demais. Eu retiro ta bom. Você não está linda hoje.
- Quer dizer que estou feia?
- NÃÃÃÃÃÃOOOOO! Inferno.
- Não o que?
- Não você está feia. Está linda como sempre. Como todos os dias.
- Quer dizer que você está entediado. Que não tem mais tesão por mim. Por isso foi procurar outra mulher?
- Que outra mulher????
- Você quem me diz.
- Eu que te digo? Como assim. Só te fiz um elogio.
- Vai José Roberto. Assume logo.
- Assumir o que?
- Não vai assumir?
- Não tenho o que assumir.
- Então é isso?
- Isso o que?
- O fim.
- Fim do que?
- De nós. De nossa história.
- É. É sim. Estou cansada de aturar essas coisas.
- Essas coisas? Que coisas? Pera, Marta, volta, prometo nunca mais te elogiar. Marta? Amor?