sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O que não dizer no fim de um namoro

Dia desses, nessas coisas de conversa de bar, um amigo músico me pede uma letra, uma poesia, um qualquer coisa para escrever. O cidadão gosta das besteiras que escrevo. E pior, quer musicar.

E nessas, o Rogério diz:

- Cara, o que é que um amigo não pode dizer ao outro quando o outro termina um namoro?

- Ah. Sei lá. Algo como: se ferrou.

- Sim! Essa é uma delas.

E a idéia começou a fluir na minha cabeça crônica. E de fato, amigo que é amigo tem, algumas vezes, umas frases não infelizes; porém demasiadamente sinceras.

O tal do "eu já sabia" é uma das céleres frases.

O cidadão chega, todo choroso dizendo que a dita cuja terminou porque está apaixonada por outro. Há dor-de-corno pior que essa? O moço está no esgoto fétido e você, com cara de açougueiro diz: "Eu já sabia". É a morte! É pedir suicídio do amigo, pô!

Mas mesmo assim você fala. Com requintes de crueldade.

Outra frase clássica é: eu não te disse?

Isso está diretamente relacionado com previsões da Mãe Dinah e de Nostradamus. Parece até, que o cidadão é discípulo de um dos dois ou, pior, tem genes de algum deles. Na verdade, o que há é uma "goração" (que provém do verbo gorar) amiga.

O fim de um relacionamento é provocado, muitas vezes, pelo tédio. E não há coisa mais tediosa do que aquele amigo que cutuca a ferida cálida. Mas amigo serve para isso mesmo. Para lembrar o tédio do namoro, da relação amiga. Para te entediar ainda mais.

Mas antes do desabafo amigo, há frases que, decididamente, não podem ser proferidas num término de namoro. Frases que, mal colocadas, causam inúmeros traumas, celeumas.

- Você é como um irmão, um pai pra mim.

Nunca me disseram isso, mas dependendo da interlocutora seria capaz de cometer verdadeiros incestos. Há mulheres que compensam o crime e que são um pecado de não de não se ficar junto.

- O problema não é você. Sou eu.

Essa é a maior mentira. É claro que o problema é a parte terminada, gente! Senão a coisa não terminaria, oras! Isso é, simplesmente, uma maneira mais cordial de se terminar algo que já está falido.

- Não da mais!

Essa é e frase mais sincera. Curta. Dolorosa. Porém certeira. Com destino certo e finalidade imediata.

- Não dá mais.

É o fim. Nada é para sempre. Nada é eterno além das lembranças que acalentamos no peito.
- Não da mais.

E não há como ser diferente, pois a (in)diferença os separa.

- Não da mais.

E só o outro não sabe que não tem volta.

- Não da mais.

Porque não há como fazer diferente.

- Não da mais.

Pois os argumentos são inválidos.

- Não da mais.

Simplesmente não tem como. E o difícil é aceitar os domingos vazios. Os sábados sem os beijos. O motel e a cama vazia simplesmente, porque não da mais.

Não há mais.

E isso não dá letra de música, eu acho

Um comentário:

Diário de Veruschka disse...

Só sei que, não importam as palavras, ou mesmo o silêncio, dói.
Bjim!