sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Qual a senha?

Talvez influenciado pelos filmes, quando pequeno lembro que saber uma senha era um diferencial importante no pool social infantil.

Para entrar no quarto onde os primos falavam de meninas e compartilhavam um surrado exemplar da Revista do Homem era necessário uma senha. A senha podia ser uma seqüência de batidas na porta sempre trancada ou uma palavra qualquer outorgada normalmente pelo mais velho e que devia ser sussurrada pelo buraco da fechadura.

Ganhar o direito a saber a senha era preciso uma espécie de ritual, uma iniciação. Lembro que uma das tarefas arriscadas que tive de cumprir para conseguir uma senha foi surrupiar um bom pedaço do pavê de amendoim da minha tia e levar para os conspiradores encerrados em seu esconderijo. Fui bem sucedido no furto do pavê, mas não ganhei a senha. Crianças são cruéis umas com as outras.

Acho que vem daí a minha bronca com senhas. E, vejam só, fui ser adulto exatamente na época da evolução na qual as senhas dominam. Nada sortudo.

Somos obrigados a possuir dezenas de senhas, mas não podemos anota-las em lugar nenhum. É perigoso anotar senhas. O jeito é guardar na cabeça, mas conforme o tempo passa, as senhas vão ficando mais sádicas.

Poderia ser fácil, como padronizar as senhas. Vamos supor, a senha do banco – 2008. Esta senha poderia ser usada para acessar a caixa de e-mails, para acessar a área restrita da sua operadora, para desbloquear o cofre, para ligar o carro.

Mas não! Para o e-mail a senha tem que ser alfanumérica. Para a operadora não pode ter números. Para o carro não pode números iguais e para o cofre o mínimo de dígitos são seis.

O resultado é que você tem que decorar dezenas de senhas diferentes. E não pode anotar!

Eu possuía quatro contas de e-mail de provedores distintos. Um deles caducou, já que eu não usava há tempos. Dois eu uso com bastante freqüência, o que deixa as senhas sempre vivas na memória. Mas a quarta era dedicada apenas a assuntos burocráticos da empresa, e que só é necessário acessar caso surja algum problema.

Pois bem, surgiu um problema e fui acessar o maldito e-mail. Depois de dois anos obviamente eu não lembrava da senha. Tentei todas as hipóteses possíveis de senhas que minha cabeça estranha poderia inventar, mas não obtive sucesso.

Então, para minha alegria, descobri que é possível você recuperar a sua senha mediante uma identificação positiva, como ele dizem. Fui seguindo os passos, fornecendo data de nascimento, nome completo, tipo de sangue e cor preferida.

Até que cheguei na última pergunta que finalmente traria minha senha à luz: Lugar onde conheceu sua mulher.

Como assim? Que cazzo? Eu não sou nem nunca fui casado!
Tentei algumas alternativas, como bar, restaurante, rua, zona, igreja, festa do caqui. Nada.

Fiquei sem minha senha, sem minha conta de e-mail e sem saber onde conheci a minha mulher.

Realmente, como alguém já disse, a informática surgiu para resolver problemas que antes não existiam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não acredito que vc esqueceu!!! Desse jeito serei mesmo ex-futura-quase-esposa....afff...kkkk

Saudades de vc rapaz, anda tirando seu couro por ai? Mande noticias!
bjus