sábado, 26 de setembro de 2009

Amar é...

Amar é levar a mulher em um restaurante caríssimo, pedir lagosta, ensiná-la a usar os talheres, a segurar a taça, pagar a conta sozinho, abrir a porta do carro para ela entrar, levá-la para casa, e ser obrigado a, no caminho, parar em uma barraca de cachorro-quente imunda porque ela odiou a comida do restaurante e está com fome. Além de dizer que a barraca é mais a sua cara.
Amar é passar duas horas dentro de uma floricultura escolhendo o mais lindo vaso, as mais lindas flores para a mais linda mulher, escrever um cartão pomposo, entregar de surpresa quando ela abre a porta, ganhar um beijo e um abraço e ouvir, sem querer, no outro dia, ela comentar com uma amiga que não agüentava mais ganhar flores. Que era uma mulher prática e bem que poderia ganhar algo útil.

Amar é chegar mais cedo no trabalho, dar duro o dia inteiro, sair correndo do escritório, passar no shopping, comprar aquele vestido que ela queria tanto, uns queijos, um bom vinho, velas aromáticas, e descobrir, ao chegar em casa, que justo hoje ela resolveu sair com as amigas.
Amar é resolver sair uma noite com amigos que não se vêem há três anos e depois ter que dormir no sofá por "falta de consideração".

Amar é levá-la ao circo, ao parque, ao shopping, à butique, ao bazar, ao show do Peninha, à exposição de tapetes ornamentais, e ainda ter que assistir à novela com ela ao chegar em casa.
Amar é buscar as palavras mais bonitas, todos os elogios, todos os adjetivos, as comparações mais lisonjeiras, e ouvi-la reclamar, cinco minutos depois, que está deprimida porque está se sentindo gorda.

Amar é conviver 364 dias por ano com a dor de cabeça dela à noite, e no único dia que as coisas poderiam dar certo, você pega pneumonia e ainda é chamado de frouxo.

Amar é gastar os tubos em um relacionamento, e, quando acaba, você a vê dirigindo um carro novo.

Amar é vê-la deslumbrante no vestido longo de festa, e não poder beijá-la nem abraçá-la a noite inteira para não tirar o batom nem amassar o vestido.

Amar é acordar com ela "naqueles dias" e ouvir reclamações sobre o tempo, sobre a roupa, sobre a economia, sobre a casa, sobre os filhos, sobre você, sobre o síndico do prédio, sobre a vida, sobre seu carro, sobre o cabeleireiro e sobre o chinelo que ela não encontra em lugar nenhum. Abraçá-la, beijá-la, dizer que a ama, e ela te mandar praquele lugar.

Amar é levar uma multa por parar em fila dupla quando ela vê uma loja de R$ 1,99 e PRECISA tanto ir que não pode esperar você estacionar o carro.
Amar é isso aí e algo mais.

sábado, 19 de setembro de 2009

Preciso de você esta noite!


Qualquer pessoa razoavelmente sociável tem uma mão cheia de pessoas para quem pode dizer esta frase e ser prontamente atendido. Seja numa tarefa simples, ou no momento mais complicado de sua vida, alguma destas 5 pessoas te ajudarão. Quem sabe não todas, quem sabe não sempre, mas alguém estará lá.


São estes que podem ser chamados de melhores amigos. Sejam cônjuges, pais, filhos ou só amigos mesmo. São essas 5 pessoas, ás vezes um pouco mais, outras menos, que você sempre poderá contar. Essas 5 pessoas, ao longo da vida, logicamente são rotativas, mudam-se as famílias, colégios, trabalhos, interesses. Mas elas estão sempre lá, simbolicamente.


Mas chega uma hora em que você fica mais exigente, mais carente, e não quer mais ter que dizer nada. Quer que as pessoas simplesmente estejam lá esta noite, e a próxima, e a próxima, etc.


É a nossa possessão talvez que nos faça desejar alguém exclusivamente seu, dando em troca o mesmo tipo de comprometimento. Queremos simplesmente não ter que nos preocupar em pedir socorro. Queremos sentir que nunca mais estaremos sozinhos. Só sentir, pois estamos. Sempre.


São estes que podem ser chamados esposos e esposas. Sejam juntados, casados no papel, namorados de longa data. O rotulo em si é bobagem, já discriminei muito os juntados, achando que casamento válido apenas com presença de juiz e padre. Mas isso tudo é uma grande bobagem. O único pré-requisito para ser esposo ou esposa é este. Estar lá. Junto. Mesmo que a distância.


Assim sendo já coloquei no passado a exigência de festa, contrato ou juramento. Só quero encontrar alguém que compartilhe da mesma visão que eu. O que obviamente é muito mais difícil.


No dia que (se) eu encontrar não vou precisar de aliança, casa ou permissão. Só vou falar uma vez, mas com a maior sinceridade possível que eu preciso dessa pessoa. Não essa noite, não esse mês. Apenas preciso. E pra selar de vez a nova fase ajoelho e pergunto: “Quer estar comigo? “

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sejamos todos Supernovas

Supernova é o nome dado aos corpos celestes surgidos após as explosões de estrelas com mais de 10 massas solares, que produzem objetos extremamente brilhantes, os quais declinam até se tornarem invisíveis. Em apenas alguns dias o seu brilho pode intensificar-se em 1 bilhão de vezes a partir de seu estado original, tornando a estrela tão brilhante quanto uma galáxia, mas, com o passar do tempo, sua temperatura e brilho diminuem até chegarem a um grau inferior aos primeiros.A explosão de uma supernova pode expulsar para o espaço até 9/10 da matéria de uma estrela. A partir daí, uma sequência de eventos promove o colapso total da estrela, dando origem a uma singularidade no espaço-tempo, conhecida como Buraco Negro, cuja Velocidade de Escape é um pouco maior do que a velocidade da luz.
Os dados científicos, se passarem batido, são apenas dados. Informaçoes irrelevantes ao dia-a-dia de pessoas comuns como eu e você. Mas se pararmos um segundo para refletir, veremos que esse papo de sermos feitos de poeira das estrelas, de vez em quando até que faz sentido.
Não é difícil fazer o paralelo entre nossos astros cheios de luz e nossas próprias vidas mundanas. A partir do momento que consideramos nossos relacionamentos, feitos, indivíduos como objetos e eventos brilhantes, nos indentificamos com as supernovas.
Nascemos assim, brilhantes, explodindo para nosso próprio universo, e desde desse momento, lentamente vamos apagando, nos consumindo. Esse é nosso ápice, ninguém faz nada maior do que nascer, todo o resto é consequência. Por mais que briguemos, por mais que façamos a diferença, nada é mais impressionante do que começar a existir.
Poderia falar sobre todos as ramificações de nossas existência, apontando sempre um momento que ofusca todos os outros. Como sempre, prefiro falar sobre as relações humanas, razão pela qual não nos extinguimos de vez, logo após nascer.
Em todos nosso relacionamentos, basta pararmos um segundo pra pensar, podemos identificar esse momento. Seja um primeiro beijo, uma tarde na praia, uma ligação na madrugada. São esses pequenos instantes que nunca conseguimos esquecer, que com sua luz ofuscante nos marcou como fossemos negativos.
Não adianta brigar ou espernear, perfeito mesmo, só esses instantes, que ás vezes duram milisegundos, quando com sorte, alguns minutos. O resto é apenas uma grande torrente de imperfeição, em intensidades diferentes.
Isso não é motivo para tristeza ou depressão. A busca desses momentos, tem seu brilho próprio e ascendente. Por mais que não ofusquemos toda uma galáxia, por mais que não tenhamos a sensação que o universo inteiro nos admira, sabemos que estamos ali, grudados no firmamento, esperando nosso grande momento, para depois aceitar as leis da “física” e começarmos a nos apagar.
Somos todos buracos negros em potencial, prontos para transformar tudo de bom que expelimos em destruição própria, inconformados com a aparente falha de constituição.
Mas querer brilhar mais que toda uma galaxia, pra sempre é pedir demais. É querer ser Deus, é pretender ser a força mais absoluta do universo. Aceitemos nosso papel no espaço, o papel de compor um universo, esse sim perfeito, em que, por nossa sorte, temos a opção de ser pequenas estrelas anãs, quase insignificantes, temorosas em brilhar demais sabendo do destino de quem brilha, ou lutamos para sermos supernovas, que tem os dias contados, mas dias que farão a diferença. Para toda uma galáxia.