sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tirem as crianças da sala

O tema é sacanagem, como diria o Jô. Saliência, como diria o Zóio. Furunfagem, como diria o Assis.


E pra não causar mal entendidos, não sofro de males como preconceitos, não sou adepto do falso moralismo e nem farei críticas. O mundo é um imenso bordel e quem sou eu para não comprar um ingresso?


Mas o que tem me chamado a atenção, de uma maneira curiosa, é como a linguagem da mídia se modificou de, sei lá, uns vinte anos pra cá.


Eu me lembro de quando eu era novinho. Lá em casa sempre teve daquelas revistas de novelas e fofocas, e eu, um ávido leitorzinho, devorava todas que aparecia. Afinal, aconteceu virou manchete. Quando o casal da novela finalmente chegavam nos finalmentes, a revista disparava com exclusividade: “Doraci cai nos braços de Heitor”. Não tentem lembrar desses nomes porque eu nunca me lembro dos originais e vou inventar todos.


Alguns anos mais tarde as revistas começaram a ficar mais saidinhas. Quando os protagonistas se entregavam ao desfrute as revistas traziam a notícia chocante: “Paula Helena dorme com Agenor”.


Minha cabeça infantil não pescava o duplo sentido do ato de dormir.


O próximo passo já escandalizava as senhoras da comunidade, e as revistas começaram a subir nas prateleiras da banca de jornal. “Cidinha vai pra cama com Jorjão”.


Agora o mundo estava virado! As revistas de fofocas estavam trazendo pornografias! Chamem o censor! Onde estão as tarjas?


Depois disso que a coisa degringolou de vez. Lembro do mal estar que uma dessas revistas que querem estar contigo em todo lugar causou quando colocou na capa, em letras garrafais: “Marilu transa com Vavá”.


A moral e os bons costumes foram para o ralo. A família se perdeu. Os jovens estão condenados.


Recentemente passei por uma banca e vi, numa inocente revista de fofocas: “Giovana Laura faz sexo selvagem com o Mecânico Misterioso”. Não pude deixar de dar um sorrisinho de canto de boca.


Mas isso é bobagem se a gente for pensar em algumas atrizes que até há alguns anos eram moças acima de qualquer suspeita, grandes personagens de grandes novelas, e agora são respeitáveis protagonistas de filmes pornôs. “Sou uma atriz, é um trabalho como outro qualquer. Escolhi todos os atores e a minha família me deu a maior força.”


Já disse e repito, eu não tenho problemas com preconceitos e nem falso moralismo. Muito pelo contrário, inclusive. Tenho adorado esses novos personagens das atrizes.


Mas que fica muito engraçado quando voltamos alguns anos no calendário, ah fica.


E aguardo ansioso ao próximo filminho.

Um comentário:

Fabi disse...

Realmente os tempos mudaram...
Vejo isso quando as crianças me fazem perguntas que me deixam constrangidas no consultório.
Sinceramente, sem posar de falsa moralista, sinto falta das cçs de antigamente, aquelas que foram como eu...rs
beijos e aparece no meu blog