Na última semana compareci a um aniversário num desses bonitos barzinhos da moda onde uma porção de batata frita é mais cara que uma parcela de TV de plasma e uma garrafa de cerveja custa o mesmo que um PF com sobremesa, mas onde as pessoas bonitas vão ver e serem vistas. Acho que vou abrir um comércio voltado apenas às pessoas feias. É um nicho a ser explorado.
Mas devaneios à parte, no tal bar havia uma mesa com duas meninas simpáticas. Discretas, como convinha a elas. Sozinhas, como convinha a mim.
Lá pelas tantas resolvi bater papo com elas. Sabem como é, aquele velho instinto animal da conquista barata. Eu estava trajado de garotão, o que me deixou mais à vontade.
No caminho do toalete (acho toalete boiolíssimo. Pra mim é banheiro mesmo e olhe lá) fiz uma brincadeira qualquer com as moças e, na volta aproveitei que meu chiste havia sido bem recebido para parar e conversar com as meninas.
Mas hoje em dia eu sou um banana, portanto rumei a conversa para algo sem segundas intenções. Papo de amigo mesmo. Um banana.
As duas eram irmãs, e resolveram parar no barzinho pra conversar amenidades, mudar de ares, poder ter papo de irmãs sem grandes censuras.
Não sei direito como, a conversa chegou
Como àquela altura já éramos amigos de infância (banana), ela resolveu exteriorizar para mim todo o medo e toda a angústia que estava sentindo em relação ao iminente casamento. A coitada da menina tinha desespero nos olhos. Me disse que era muito nova e que tinha muita coisa pra viver antes de se casar.
Pensei então em quantas vezes eu havia escutado a mesma conversa nos últimos anos. Parece que a ânsia de casamento está meio parecida com a de vestibular. A pessoa pode estar completamente despreparada, mas tem que ao menos tentar.
Fui pesquisar algumas estatísticas e descobri que, em média, um casamento no Brasil dura cerca de dez anos. Ou seja, ou essa história de “até que a morte os separe” é balela ou tem gente morrendo muito cedo.
Descobri também que em 70% dos casos, quem pede o divórcio é a mulher. Claro que não posso generalizar, mas creio que daqui a dez anos a menina Renata que conheci no bar estará pedindo o divórcio.
Acho que essa pressão, esse dogma de que um casamento deve ser para a vida toda acaba atrapalhando muito os casais. O “pra sempre” é tempo demais, por isso as pessoas acabam se enchendo pelo caminho.
Sugiro que inventem o casamento com prazo. As alianças poderiam ser de cores diferentes, uma para cada período. Por exemplo, uma aliança azul significa um casamento de dois anos. Depois de dois anos o matrimônio perde a validade, podendo ou não ser prorrogado.
Poderia ter alianças verdes para casamentos de cinco anos, violeta para casamentos de sete e vermelhas para os de dez anos. Imaginem só que beleza um indivíduo indo pedir a mão da namorada em casamento e aparece com um par de alianças vermelhas! – Pedro Aurélio, que lindo, você quer ficar comigo por dez anos?! Claro que eu aceito!
Acho que assim a coisa daria mais certo. Acabaria com a obrigação do “pra sempre” e a manutenção do carinho ficaria muito mais simples.
Tem Renatas demais por aí.