sábado, 4 de outubro de 2008

É 0 @m0®

Romeu e Tati se conheceram por intermédio de amigos. Conversaram o suficiente. Só o suficiente para não se constrangerem com o silêncio. O suficiente para trocar os respectivos endereços de MSN.

Os primeiros dias foram mornos. Aos poucos iam se conhecendo. Ele gostava de música black, ela também. Ela odiava trabalhar, ele (e a torcida do flamengo) também. Ele gostava de caipirinha de morango. Ela fingia que também.

Logo, ligavam o computador correndo, procurando o ícone dos bonecos azul e verde, a primeira coisa que faziam eram se logar. Meio inconsciente. Só meio. Brincavam com as palavras, falavam de vários assuntos, relacionamentos, família, relacionamentos, amigos, relacionamentos, etc.

Pouco tempo passa e já não desligavam os computadores. A janela de Chat ficava permanentemente aberta. As fotos, mensagens pessoais, emoticons, tudo a favor da interação. Entre os dois apenas. Tati largou o apelido de batismo e se tornou Julieta.

Foi a deixa perfeita. O novo nick foi a gota d’água. Não podiam mais fingir que nada estava acontecendo. Tinham que deixar a natureza seguir seu curso. Sentiram enfim a coragem para a primeira vez. Perderam suas virgindades virtuais. Virou vício. Era o casal mais ousado de toda web.

Daí pra frente tudo foi conseqüência. Se é tão bom online, como será offline? Marcaram em um barzinho no meio do caminho. Muito frio na barriga. Como se tivessem voltado a adolescência.

Sentaram em uma mesa encostada na parede. Em cima dela apenas um grande cinzeiro prateado. Acenderam os cigarros aguardando a movimentação do outro. Não havia. O silêncio dessa vez era bastante constrangedor. Não a toa, Romeu foi ao banheiro 12 vezes em 7 minutos. Na décima-segunda no entanto, teve uma epifania. Ela percebeu em seus olhos que algo tinha mudado, sentiu que ele poderia salvar a noite que parecia estar destinada a destruir toda a mágica de Romeu e Julieta.

Ele olhou no fundo dos olhos de Julieta e com muita calma e cuidado se preparou para explicar. Respirou fundo, lembrou de todos os insucessos da adolescência, das infrutíferas investidas e alguns tapas na cara. Soube que não conseguiria, as palavras não iriam sair. Só havia uma solução. Sacou o celular e disparou seus torpedos. A agilidade no teclado impediu o início do constragimento.

Foram embora para suas casas, de olho na telinha dos smartphones, com maior certeza de seu amor.

Um comentário:

Diário de Veruschka disse...

rsrsrsrs
e mais rsrsrsrsrs
Mundo virtual é bom, mas a realidade é melhor ainda!
Graças a Deus gosto mais do ao vivo e a cores :)
Bjim!