sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Na alegria, na saúde, na riqueza e tá bom assim.


Quem não conhece os famosos votos do casamento católico?


"Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe."


Todos conhecemos, nem que pelos capítulos finais das novelas globais. O voto é bonito, simboliza parceria, cumplicidade, entrega. Mas não a toa termina com a frase “até que a morte os separe”.


Apesar de nunca ter casado, posso dizer que fora a parte da morte, já vivi sob o juramento católico. Sempre achei que isso era o certo, o bonito, o justo. E principalmente, a única opção.


Mas e se não? E se eu nao quiser viver dessa maneira? E se eu quiser dividir apenas as coisas boas. Sem egoísmo, um trato justo, você cuida de suas doenças, eu me viro com minha pobreza e nos encontramos para curtir o que temos de bom? Sem exageros é claro, sem desamparo, sem levar ao pé da letra. Afinal, se você gosta de uma pessoa nunca vai abandoná-la na doença. vai querer estar a seu lado. O mesmo serve para a pobreza, etc. Isso é bom senso.


Mas se pensarmos no voto como o símbolo de "você TEM que estar junto a mim, haja o que houver, até no aniversário da minha Tia Zuleide". O que seria se não precisássemos nunca mais aguentar a chata da Tia Zuleide? Como seria esse relacionamento?

Não, não seria bonito, mas justo sem dúvida, e certo, bem, quem somos nós para dizer o que é certo. Eu sei bem que minha concepção de certo difere muito da dos outros.


Como um exercício, pensemos na possibilidade de todos nos virarmos sozinhos, sem ninguém para ajudar por convenção ou obrigação. Sem transformar nossos próprios problemas em problemas dos outros. Em não estragar o dia do parceiro porque o nosso foi por água abaixo.


Mas você vai dizer “isso não é relacionamento”. Bem, você é burro, é sim. Afinal, se temos duas pessoas se relacionando, seja lá como for, temos um relacionamento. O modelo, sem dúvida é diferente. Mas não seria mais legal se usássemos a alegria do outro para amansar nossa tristeza? E só?


Afinal, estamos prontos para apontar o dedo na cara do outro, em gritar “egoísta” quando nosso cônjuge não quer participar de uma coisa chata de nossa vida. Mas e nós mesmos? Não somos mais egoístas ainda de querer que eles façam isso? De querer que se sacrifiquem por um capricho nosso?


Ok, se sentir desamparado num compromisso “mala” não deve ser nada legal, mas pense que a recíproca é verdadeira. Não ter que ir a algum lugar que não queiramos. Nunca mais. Ok, nunca mais é exagero, ainda trabalhamos e temos de pagar as contas. Mas de resto, somos nós mesmos quem escolhemos. (o que sempre complica as coisas).


Não decreto assim o fim do relacionamento tradicional, cheio de coisas boas e ruins. Mas apenas paro pra pensar até onde essa troca é boa, ou se apenas acaba fazendo mal e desgastando os dois e no máximo, no máximo, agradando a Tia Zuleide.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A gente vai se falando

- Não agüento mais. Vou responder.

- Calma. Muito rápido.

- E daí?

- E daí que se responder agora, vai parecer que está desesperado.

- Eu estou desesperado.

- Eu sei, você sabe, ta bom assim.

- Vou responder essa merda.

- Você quer a minha ajuda ou não?

- Querer eu não quero. Mas depois dos meus fracassos sucessivos, não tenho opção.

- Cara, você tem coração bom, é educado, é claro que só vai se ferrar com mulher. Vem na minha.

- Mas sério que isso é importante? Puta coisa de menininha, ficar esperando pra responder. Não posso responder e pronto?

- Pode. Responde aí.

- Não é para eu responder né?

- Nope.

- Mas já faz uma cara.

- Que horas ela te mandou a mensagem?

- 14:33

- E que horas são?

- 14:51

- Espera mais 3 minutos.

- 3? Porque 3?

- Daqui a 3 minutos vai dar 31 minutos que ela te mandou a mensagem. Um numero bom. 30 minutos fica forçado.

- Ah, cala boca.

- Sério.

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3 minutos depois

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- Beleza, vou responder.

- Vai fundo.

- Ta.

- …

- O que eu respondo?

- Cacete. Você ta de sacanagem né?

- Por que?

- Fica me enchendo o saco que quer responder logo e nem sabe o que falar.

- Ah, até sei, mas sei lá.

- Qual foi a última mensagem dela?

- Ela me disse que podemos nos ver quinta, mas que ela pode ficar com vergonha porque ela acabou de pintar o cabelo.

- Como se você se importasse.

- É!!!

- Bem. Deixa eu pensar.

- Não. Já respondi.

- Respondeu o que?

- Que ela não precisa ter vergonha, que é linda de qualquer jeito.

- Sério, mano?

- O que?

- Por que não declamou logo uma poesia pra ela?

- Será?

- Não, seu cabaço. Óbvio que não. Não pode tratar mulher assim.

- Assim como?

- Assim. Bem.

- Ah ta, malandrão. Então quer dizer que o lance é tratar mal?

- Sim. E não.

- …

- Assim. Você tem que sacanear a mulher, brincar com ela. Sem desrespeitar é claro.

- E como eu faria isso?

- Ah, sei lá. Se fosse eu diria que só iria se ela garantisse que ia ficar extremamente envergonhada.

- E qual o sentido disso?

- Sentido? Que sentido? Isso aqui é pegação, brother, conquista. Não rua, que tem sentido. O negocio é brincar com a vaidade dela. Fazer ela sorrir.

- Fazer ela sorrir?

- É. Você tem que falar coisas que saiba que do outro lado, ela vai sorrir.

- E acha que ela não vai sorrir?

- Ah vai, mas…

- Cala a boca. Ela respondeu. Nossa, que rápida.

- Lógico que ela é rápida. Puta encalhada.

- Ah, vá se catar.

- Que ela disse?

- Ela disse que a gente vai se falando.

- Aê! Conseguiu tomar perdido da encalhada.

- Como assim perdido? Ela disse que vamos nos falando.

- Pensa comigo. Lembra semana passada, que estávamos lá no bar da Neide, e apareceu aquele mala do colegial.

- O Joça. Lembro. Cara chato dos infernos.

- O que você falou pra ele quando estávamos nos despedindo?

- Merda. Devia ter feito a sua piada.