sexta-feira, 1 de junho de 2007

Nunca farão o que precisamos

O descrédito é nítido. A falta de confiança está estampada na cara. O brasileiro anda pra lá de cabisbaixo. As promessas perderam o efeito. O pouco realizado é mera obrigação. Ninguém, ninguém mesmo está satisfeito com nada. E é exatamente isso que me preocupa. E muito.

Quando você está de saco cheio, por exemplo, de um relacionamento, aquele namoro ou casamento que, na sua opinião já deu (!) o que tinha que dar (?), qual a primeira reação? Amasiar. E essa fuga covarde, esse retrocesso juvenil, por vezes gera conseqüências irreversíveis. Pior aqueles que dizem: "Me arrependo" ou, ainda, "Agi sem pensar".

Mentira! Balela! Agem friamente. Pensam milimetricamente cada passo, cada jogada do xadrez da vida derrubando peões com seus cavalos contrariando o que os bispos falaram e, chegam à torre medieval para, em linha reta, trair o rei e pegar a rainha.

Somos jogadores da vida. Jogas-se, perde-se e blefa-se.

O blefe, na verdade, é nossa melhor jogada. Pode-se ganhar muito, mas fica sempre aquele frio na barriga de perder tudo. Seja pelo blefe, seja pela vaidade, seja pelo... pelo... pelo quê mesmo? Ah sim, pelo prazer de enganar e se enganar. Na maioria das vezes, adora-se colocar tudo a perder.

Correr o risco. Viver perigosamente numa adrenalina eterna. Ser irresponsável consigo mesmo.
Essa é a vida: arriscar, perder e achar culpados.


É assim que se vive no Brasil hoje: tenta-se achar culpados para isso ou para aquilo outro, mas ficamos na mesma. Nessa mesmice chinfrim. Nessa coisa de se enganar. Nisso de falar: "Ah, não dará em nada".

E nunca dá em nada mesmo. Sabe-se que qualquer investigação está fadada a cair por terra, a fica na vala comum do esquecimento. Assim foi com os "anões do orçamento", com o Dirceu, com o Marcos Valério e não será diferente com juízes, ministros, advogados, promotores, pois, como já me disse um "fraciscano": "Estamos acima da lei, meu caro. E fique você aí na sua vidinha medíocre, seu cronista".

Infelizmente, poucos gritam pela maioria. E nem adiantam bradar lindamente com campanhas populistas. Hipocrisia da grossa. Mas tem gente que acredita.

Primeiro desmoralizaram a esperança. Agora desmoralizam o medo. Temo o que há por vir.
Decididamente, o relacionamento do país com a população está estremecido há anos. Mas ninguém se deu conta disso e vive-se num patriotismo dominical nas vitórias do Felipe Massa ou na seleção capenga do Dunga.


Por isso, sugiro darmos um tempo ao Brasil. Vamos todos ficar indiferente aos acontecimentos, vamos ignorar tudo. Deixemos o Renan de lado. Deixemos a PF fazer o que deve fazer. Tomemos a mesma atitude do Lula.

Afinal, todos sabem que as únicas coisas que realmente são necessárias para se fazer, nunca serão feitas mesmo.

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