sexta-feira, 29 de junho de 2007

Banho de idéias


Descobri que o banho, além de limpar e relaxar, é um ótimo lugar para se pensar. E quando digo isso, refiro-me, exatamente, ao banho e não no conjunto todo, o banheiro. Está certo que não é o lugar mais adequado, porém, por vezes, é o mais insólito. E nada melhor para se pensar do que estar em plena solitude.

Cometei aqui certa vez da solitude. Minha companheira inseparável, a dita cuja. E em meu banho não é diferente. Mas não é sobre ela que quero comentar.

O banho é uma coisa sagrada. Deve existir um santo pro banho. Um santo banhista, não sei. E caso não haja, encaminharei ao papa uma solicitação de que se ache um santo banhista lá pelos lados do Hawaí. Ou em qualquer outra costa que se ache o encosto. Como ainda não temos o bendito do santo, voltemos ao banho.

Cá entre nós: quantos de vocês, ao entrar (!) no chuveiro, apenas tomam banho? E, quando pergunto isso, já informo que você está sozinho, desprovido de companhia. Sinceramente, não sei. Nunca fui de chegar em alguém e dizer: “Ei! Você! Quando entra no banho, você só toma banho ou fica lá de bobeira?”. É que esse “de bobeira” remete a uma porção de bobagens.

Tem gente que gosta de banho musical. Ou levam um radinho três em um ou, não sei se existe ainda, soltam a caixa do aparelho de som e a levam até o banheiro. E por lá ficam horas e horas, ouvindo, curtindo um som na maior paz. Aí me pergunto: será que o cara dança lá dentro? Será que ele canta? O que será que acontece lá dentro? Se for um mantra a música, ele entra em alpha e medita com a água batendo na cabeça? A queda d’água, gelada ou quente, estimula os tímpanos para melhor audição da música?

Isso é matéria de estudo. De muito estudo.

Há o banho sauna. Geralmente a cidadã fecha a porta do banheiro a chaves, liga o chuveiro e começa a cortar a unha enquanto a água cai e o vapor sobe. Quando a coisa já ta bem branca e ela não consegue mais ver a unha do pé, a pessoa se digna a entrar no banho. E é um banho D E M O R A D O. Quando a pessoa acaba seus afazeres e abre a porta, parece que a nave da Xuxa chegou na residência, pois todo aquele vapor sai de uma vez só do banheiro. Mas não deixa de ser um banho interessante. Faz bem pra pele e abre os poros, segundo “dizem”.

Tem gente que vive no espírito da quaresma o ano todo e adora essa coisa de “mortificações” e “penitencias”. Esse tipo de mandinga não pega comigo. Mas o povo vive com suas crendices e adora fazer um drama. E é aí que entra o banho masoquista. Esse é aquele banho que se é tomado lá pelas cinco da manhã em pleno mês de julho, quando o inverno está “tinindo” aqui pros lados do sul do Brasil. Pois bem, o cidadão vai lá e desliga a chave do banheiro pra tomar banho gelado. Pasmem, ainda saem do banheiro tremendo e dizendo: “Faz um bem pra circulação sangüínea”. Eu mal consigo levantar da cama no frio, quem dirá tomar um banho gelado a cinco graus. Esses, com certeza, fazem um Yoga antes de entrar no banho para, justamente, não pensar em nada e não sentirem nada, principalmente frio. Geralmente esses banhos são rápidos e no final do mês dá gosto de ver a conta de água e luz.

O “chéq-chéq” é o banho rápido. Tão rápido que a pessoa só lava as “partes” e já desliga o chuveiro ou sai do bidê, ou, ainda, da pia. É que muita gente tem revolucionado essa coisa de se banhar, já que o tempo anda escasso e fazem de tudo para economizar água.

E, por fim, há o banho pensativo. Esse é daqueles banhos longos, demorados que, quando o cidadão sai do banheiro, parece uma uva-passa de tão enrugando. Geralmente são nesses banhos que vêm as melhores idéias, as melhores aulas, as melhores respostas aos namorados naquela briga em que você ficou mudo, a sacada genial na prova de química que você tirou zero, as melhores artimanhas para fugir do castigo indo pro clube se divertir se não fosse a sua mãe ter te trancado dentro do banheiro, enfim, tratados, teses de mestrado e doutorado e, até, solução para a crise aérea brasileira.

Só que o problema é que não anotamos e esquecemos do que pensamos no banho. Pensei em inventar um papel impermeável e uma caneta que escrevesse no molhado. Um kit-banho-pensativo. Mas aí eu já iria fazer do banho um escritório e não daria muito certo.

Bem, confesso que a crônica não era para ser bem essa, mas como acabei de tomar banho, as idéias foram ralo abaixo e deu nisso.

2 comentários:

Luziânia disse...

"O banho � uma coisa sagrada. Deve existir um santo pro banho. Um santo banhista, n�o sei. E caso n�o haja, encaminharei ao papa uma solicita�o de que se ache um santo banhista l� pelos lados do Hawa�. Ou em qualquer outra costa que se ache o encosto. Como ainda n�o temos o bendito do santo, voltemos ao banho."



Mas, h� um santo para o banho, logicamente. N�o creio que vc vai ocupar Sua Santidade.

Ali�s, ele � bem popular. E, vc mesmo deve ter passado pelo banho com o padroeiro. S�o Jo�o Baptista (23/06)- o mesmo da fogueira. Aquele que batizava... O Batismo � o sacramento mais importante da Teologia cat�lica, como uma marca. Teologicamente, desde o tomismo, como a porta de todos os sacramentos.

Vem do Grego "Baptos" que quer dizer megulho/imers�o. N�o serviria para o "santo banho"?

Sem maiores teologias ou sabonetes,

Luzi�nia...risos!

Anônimo disse...

Esse "chéq-chéq", aqui em casa é mais conhecido como "facada na água", tem a mesma característica: banho rápido, muito rápido! Sabe como é...tempo... falta de tempo...kkkkkkk