domingo, 31 de outubro de 2010

Corte as cordas


Não conheço muita gente que, conscientemente, goste de colocar sua vida nas mãos de outras pessoas. Por mais que sejamos inseguros e medrosos, queremos estar nas rédeas de nossas próprias vidas. Podemos uma hora ou outra pedir para alguém escolher nosso caminho por nós, mas nunca abrimos mão do poder de veto. Do direito de ir e vir. Do livre arbítrio.


Pois bem, então por que gostaríamos de dar poder sobre nossas vidas a outras pessoas? Porque deixamos que outros, que não nós mesmos, estraguem ou “façam” nossos dias? Você vai dizer, “porque vivemos em sociedade, dependemos dos outros em uma infinidade de coisas, e (ainda) não somos eremitas que moram no topo no monte Kisozinho nos alimentando de cogumelos”.


Sim, somos influenciados por pessoas que nem conhecemos, fornecedores, amigos, amigos de amigos, psicólogos, chefes, et cetera. Mas isso não quer dizer que esses sejam nossos donos, ou que sejamos simples fantoches de seus caprichos.


Sejamos nós pessoas que precisemos viver rodeados de gente ou prefiramos ficar sozinhos, estamos acompanhados constantemente. Esses que nos acompanham dificultam e facilitam nossa vida. Estouram nossos prazos ou nos falam o que precisamos ouvir naquele momento, daquela maneira em cima de um cavalo branco.


E só.


Nossas vidas são assim, pulando de dificultadas e facilitadas, mas não estragadas ou coroadas por ninguém. Ninguém deve ter esse poder. Ninguém é responsável o bastante para isso. Por isso, terapeutas sérios nunca te dizem o que você deve fazer, no máximo te fazem entender o que deve fazer.


Somos sozinhos, todos nós, felizes ou tristes, e isso depende de nós. Depende de identificarmos quem facilita e dificulta, aumentando os que nos ajudam, diminuindo os que atrapalham. Depende de sermos plenos, todo melancolia, todo frustração, todo empolgação, todo amor. Inteiros, sem ninguém meter a mão onde não é chamado.

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