sábado, 4 de julho de 2009

Sem-educação

Dizer que o ensino no país está ruim, é pouco. Ao analisar a situação mais de perto, dá para se revoltar. Lendo jornais e revistas, caímos no inconformismo. Se você é brasileiro, sente vergonha.

As carências são múltiplas. A falta de cultura de nossos alunos é algo gritante. Há anos não temos na grade curricular Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira e, se não bastasse, Filosofia. Tudo isso por quê? Os mais cretinos pensarão: "pra que essas matérias se não caem no vestibular?", pois é. Para que ter cultura se a alienação é inevitável, não é mesmo? Viva a mediocridade!

Hoje as escolas formam bitolados, alienados culturalmente, adolescentes virtuais, babacas que vomitam fórmulas decoradas e boçais que não pensam, "nerdeiam".

Segundo estatísticas, houve uma crescente de pouco mais de vinte por cento no aumento de reprovações no último ano. E vejam que em alguns estados há a maldita "progressão automática", isso se o negócio já não for nacional em colégios públicos.

Ao meu ver, essa foi a maior patifaria já feita com o ensino. Onde já se viu "passar de ano" um cidadão que diz: "Curitiba é a capital de Santa Catarina, né?". Alguns não sabem resolver simples problemas de aritmética e, se sentem cultos ao dizer: "A nível de...". Que nível, hein?

O Pensar tornou-se raro, quase extinto em nossa classe estudantil. Faltam incentivos no ensino fundamental e médio. Caso isso não ocorra urgentemente, veremos nossos estudantes sem direção, protestando sem fundamentos, sem bom senso e perdidos num mercado que exige, além de técnica e conhecimento, astúcia.

Eu penso que, se a tal "progressão automática" visasse que o jovem se formasse logo, com o intuito de adentrar ao mercado de trabalho mais cedo, vá lá. Mas, e emprego para todo esse pessoal? Fora que sempre exigem experiência de um, dois e, até, três anos nisso ou naquilo. Só quero saber aonde é que estão os dez milhões de empregos prometidos em campanha. Acho que foram apenas boatos. Sinceros boatos.

E os professores? Simples marionetes sem estímulos financeiro e profissional. Fora quando são funcionários públicos e se acomodam, não buscando uma reciclagem no método de ensino. Alguns ainda estão no tempo da palmatória (!). A sentença, com esse quadro, é cair na vala comum e deixar os alunos da maneira que estão: sem inteligência e sem rumo.

Poderia, aqui, culpar os militares, o Sarney, Collor, Itamar, FHC ou o Lula. Mas isso seria cômodo demais. Também poderia me valer de clichês como "isso é falta de vontade política". Nessa altura do campeonato, o mais sábio é ser autodidata. Claro que isso é utopia para quem mora nas favelas. Impensável, no mínimo.

Já que os "programas sociais" de dar comida não têm surtido muito efeito, partamos para o lado educacional, dando alimento ao cérebro, pois, da maneira que está, o nome do Programa é "Inteligência Zero".

Há anos eu pensava que quando os intelectuais chegassem ao poder, teríamos um outro país. Um país mais justo, mais digno de se viver. Porém, vi que muito saber não é o mesmo que ter sabedoria. E o povo, por falta de cultura, discernimento, saber e sabedoria, não enxerga que nada mudou, que é só uma questão de perfumaria. Ou seja, mudam-se os frascos, mas o odor é o mesmo. Senão pior. Vai saber...

Mas, refletindo melhor na situação, num país em que as pessoas mijam na rua e as melhores salas de aula são botecos, até que não estamos numa situação tão ruim.

Educação, Lula. Educação.

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