sexta-feira, 10 de julho de 2009

Clodisvaldo

Clodisvaldo. Ao contrário do que possa parecer o nome nunca foi problema, para todos os efeitos ele era o Clodô. Um cara como outros tantos que existem por aí. Metódico. Pós adolescente carreirista pressionado pelos hormônios, dividia sua atenção entre os estudos e as garotas; quando muito, cerveja e garotas.
Foi assim que Clodô entrou na faculdade. E como dizem que e mais fácil entrar do que sair, ele não quis saber de dispersões. Estudo, dedicação, provas de empenho.
Enfim, aula de Básico de Métodos Quantitativos. Ficou vidrado, não sabia que aquilo era possível. Espaço amostral. Aquilo fazia sentido para ele. Clodô adorava aquilo mas não de um jeito “nerd”. Ele gostava era das possibilidades que dali surgiriam, aplicações reais que ele poderia exercitar.
Entre uma apostila e outra (era preciso dedicação), uma garota para conversar, vez em quando uma cerveja com os amigos. E que qualidade de amizade, viu? Clodisvaldo só conhecia mulher, e se empenhava nisso. Mulheres de todos os jeitos, trejeitos; todos os estilos. Clodô pensava assim: espaço amostral!Começou que toda mulher que ele conhecia, ele conseguia criar um vínculo interessante que lhe proporcionaria algo também interessante e esperava que a recíproca fosse verdadeira. Esperava.
Sua aula de métodos quantitativos tinha que dar resultados, a teoria era infalível, era lógica. Cada dia que passava sua agenda aumentava. Não media esforços; se uma Mariana qualquer estivesse disponível ali na lanchonete, Clodô esquecia das aulas e engatava na conversa; ia até o intervalo. Nesse ponto ele já teria o número do telefone e pelo menos um cineminha marcado.
Dia após dia, Clodô sentia-se mais confiante, sua auto-estima subia a níveis estratosféricos. E quando chegou na Lua, ele parou. Não sabia o que fazer. Espaço amostral. E agora? Todo esse tempo, uma agenda lotada e nenhuma namorada. Zero. Precisava mudar isso.
De A a Z começou a ligar, Adriana, Amanda, Bethy, Carol, Carol Pini, Daniela, Dani Martins, … Ligou, ligou e ligou. Todas as vezes que ligou foi bem atendido, até com certa ternura na voz. Todas as vezes que ligou foi trocado pelas amigas – o que é uma amiga que não deixa a outra sair com um cara legal como ele? -, namorado – namorado? se ela tinha namorado porque ficava se jogando pra cima dele? Sem falar nas inúmeras vezes que foi perguntado: “quem mais vai?” Não podia acreditar, uma teoria inteira… por àgua abaixo em algumas dezenas de ligações. Sua lógica estava ferida. Não conseguiu pensar em mais nada a não ser mudar de aula. Algo mais pragmático, talvez pintura com as mãos.

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