domingo, 5 de abril de 2009

Indiferença


É muito natural de nossa parte querer conquistar várias pessoas, sorrisos, sonhos... É inerente do ser humano. Quem não gosta de ser reconhecido por um trabalho feito, por uma lembrança inesperada, por um gesto de carinho e atenção, por um telefonema no meio da madrugada (mesmo que bêbado de sono) dizendo que está com saudade? Quem não gosta do agradecimento pelo serviço prestado, pelo trabalho feito com esmero? E o aplauso? Ah, não há nada melhor do que um aplauso ao final de uma apresentação.

Não é gostoso receber um abraço da amada ou do amado, sentir as mãos nas costas e um sussurro no ouvido, dizendo que estava com saudade? E, ao chegar de viagem, ver que há inúmeras cartas do namorado lhe esperando para serem lidas? Cartas, cartões, e-mails, enfim, ser lembrado.

E presenciar a conquista de um amigo quando o mesmo subiu de cargo na empresa, quando comprou o primeiro carro, passou na primeira entrevista numa empresa, conseguiu se formar na faculdade e deu o seu primeiro beijo na menina mais bonita da escola, o chamando, anos mais tarde, para ser padrinho do casório? Não há como descrever a alegria que sentimos ao presenciar as vitórias de quem gostamos e, muitas vezes, nos espelhamos. Não há ciência que consiga explicar o furor que o ser humano, quando sincero, sente ao receber tal notícia.

Tudo isso é ótimo, até o momento em que nos sentimos desprezados pela indiferença. Para nós, mesmo que tentemos, mesmo que doa a indiferença, ela tem que ser indiferente aos nossos olhos. Mesmo que a dor esteja latente em nosso coração e que mine aos poucos, nos fazendo calar por um instante.

A indiferença é a pior de todas as renúncias, pois nos tapa os ouvidos, nossos olhos e nossa consciência para enxergar coisas belas da vida, como o brilho no olhar, o desabrochar de uma flor. Coisas que parecem tão insignificantes quando nos sentimos indiferentes e não percebemos.

Mas, se você observar, mesmo com a indiferença de alguns ignorantes, o sol não deixou de se pôr atrás da mesma montanha do mesmo jeito de todos os dias. Aquela flor, mesmo depois de morta, deixou seu perfume, seu brilho numa semente que voou e nasceu, povoando algum lugar com uma nova fragrância. Esta semente, não foi apenas retirada pelo vento, ela simplesmente voltou ao seu coração, não dos olhos que a recusavam, mas, sim, para os olhos curiosos de desejo, de descobrir o segredo de cada pétala daquela belíssima flor. Ela poderia não ser, agora, a única flor do mundo, mas, também, aquele não era o único olhar do mundo.

Antes de tentar recorrer aos risos perdidos e à indiferença, devemos pensar em nós mesmos, e descobrir que a tristeza e a felicidade são apenas duas opções, que os motivos que nos levam à eles, são sempre compatíveis. Porém sabemos que a vida é curta, por isso, não se preocupe com a indiferença, pois ela nos faz menor que uma simples semente e acaba por te reduzir a pó antes do tempo.

Sorrir é uma virtude que poucos conhecem, e, se você conhece, mostre isso. Mostre que a simplicidade de um sorriso vence a rigidez da indiferença.

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