sábado, 11 de abril de 2009

Eu, os alunos, a professora

Não, gente, não vão pensar que se trata de um triângulo amoroso, por favor! Se bem que coloquei os alunos no plural, então deveria ser um polígono amoroso. Mas não é.

Também não se trata de uma sessão de pedofilia, onde eu, juntamente com a professora... deixa pra lá.

Conheci uma professora que resolveu dar aulas para os seus alunos com minhas mal traçadas crônicas. A notícia é muito boa, agrada, demonstra que as crônicas estão funcionando mais ou menos como uma porta de entrada para o mundinho da literatura. Ler Machado de Assis é chato. Ler crônicas é legal.

Depois, Machado de Assis fica legal também, garanto. O capítulo 136 do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", na minha opinião, é o mais engraçado e genial que eu já li. Dêem uma olhada e depois me digam o que acharam.

Mas depois, essa história da professora Cristiane lecionar com meus testículos, quero dizer, com meus textinhos, me deixou muito preocupado.

Não sou nenhum Jânio Quadros, nem um João Ubaldo Ribeiro. Cometo cada despautério que levaria o Professor Pasquale pensar que sou um girolas (vamos lá, moçada, ao dicionário!).

Fiquei pensando na balbúrdia que o corpo discente da mestra em questão deve fazer em relação às minhas vírgulas. A professora Cristiane ensina que não se deve separar o sujeito do predicado com vírgula, e eu faço isso amiúde. Sabe o que é, professora Cristiane, eu penso na respiração dos seus alunos. Creio que nem eu nem você deseja ver algum de seus alunos roxos e se estrebuchando de asfixia em plena sala de aula. Não é importante, a vírgula? Ou, não é importante a vírgula? É importante sim.

Escrevi uma crônica há um tempo (olha só, pessoal, o "há" assim, com agá, já quer dizer que estou falando do passado. Se colocar o "atrás" depois, vai ficar redundante. Tô ficando metido!), onde eu citava algumas figuras de linguagem. A professora Cristiane disse que foi ótimo para ajudar os seus pupilos e pupilas nessa matéria. O problema é que ela disse que tinha faltado eu citar a metonímia. Puxa, professora, é que não tive nenhum caso com mulher nenhuma (outra dica: em português, deve-se sempre usar a dupla negativa) que usasse metonímias. Além do mais, perceber a metonímia é muito difícil. Às vezes parece metáfora, às vezes, sinédoque. Mas acho que lá em cima eu usei uma metonímia quando disse que ler Machado de Assis é chato. Não dá pra ler o Machadão, é óbvio, o que lemos são os livros dele.

É muito bom poder desmascarar o português. E não estou dizendo que é bom tirar a fantasia de Zorro da cara do seu Manoel da padaria, hein?

Metonímia, desisti de escrever. (Hipérbato)

No mais, professora Cristiane, fique à vontade para puxar as minhas orelhas caso haja algum deslize meu. A responsabilidade é grande.

E, turminha da classe, nunca deixem de ler. Com o passar do tempo vocês vão ver que até bula de remédio é legal. Se bem que até hoje acho Manuel Bandeira um porre.

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