sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Caindo de maduro

Se tem uma pergunta que me faço constantemente é: “O que é amadurecer?”. Não é nem questão de curiosidade, é para uso próprio, senão, como farei para saber se eu estou amadurecendo.

Depois que me livrei do peso de achar que amadurecer era se iludir com estabilidade, se vestir com roupas desconfortáveis e basicamente fazer todo o resto que esperam que você faça, fiquei meio perdido.

Eu poderia aceitar que sim, aos 30 anos eu já deveria estar casado, ter filhos, um excelente emprego(pois bom já tenho), só me embriagar em churrascos de amigos próximos e ter a certeza que levaria uma bronca da esposa quando chegasse em casa. Não seria confortável, mas seria mais...simples.

Seguindo o caminho dos “rebeldes”, em que amadurecer é uma questão bem mais complexa do que contas e protocolos sociais, fico bem perdido sobre o que deveria estar fazendo o homem maduro. Deveria parar de gastar o dinheiro que não tem em viagens e brinquedos? Deveria se preocupar mais com o futuro? Deveria ter um plano de previdência privada?

Acho que não. Acho que tais questões tem mais a ver com a personalidade de cada um e de como estes obtém paz de espírito no presente. Amadurecer deve estar mais no fundo. Deve ser mais pessoal.

Daí eu penso que a cada dia que passa me sinto mais sozinho. Não solitário, sozinho. Não porque me abandonaram, mas porque eu percebi isso, antes que uns, depois de outros.

Não importa quantos amigos você tenha, se é casado ou solteiro, se sua família é unida ou não. Em nossas análises, decisões, perguntas, sempre estamos sozinhos. Não dá pra trazer alguém para dentro de nossas cabeças. Não dá para fazê-los sentir o que sentimos quando encaramos cada opção. Não dá para imprimir em seus dnas, nossas dificuldades físicas, muito menos compartilhar nosso repertório de experiências.

Felizes ou tristes, estamos sozinhos, e o que entendemos como companhia são as projeções de todos que nos cercam. As outras pessoas não estão juntas de nós, e sim o que esperamos e enxergamos delas. Que sim, podem ser impressões corretas, mas sejamos realistas, quanto de você mesmo é mostrado pro mundo? Quanto do que te define está trancafiado e não é compartilhado nem mesmo com seu consciente?

Talvez amadurecer esteja relacionado com a essa epifania. Com essa lucidez que transforma completamente nossa percepção de mundo. Mexe com nossa tolerância, empatia e expectativas para com o mundo, e esse povo todo que está em cima dele.

Quem sabe amadurecer seja entender esse mundo, aceitá-lo e não enlouquecer. Não entrar em profunda melancolia causada pelo que nos prometeram por anos e anos. Pela clara realização de que não existe mundo feliz, família feliz ou coletivo algum feliz. Existe indivíduo, feliz, triste ou qualquer outro estado de espírito. Este indivíduo pode ter a sorte de sincronizar sua felicidade com a dos outros, ou pode simplesmente não dar importância. Pode entender que o mundo não tem que ficar excitado porque ele está feliz, nem compreensivo porque ele está triste.

Hoje, esse indivíduo aqui do outro lado da tela está apreensivo, amedrontado, desamparado. Mas eu entendo que o mundo não. Eu entendo que meus amigos estão cada um em seu estado, e eles não são menos amigos meus por isso. Não digo que não doa, não digo que não queria que o mundo parasse para olhar pra mim, que todos parassem de rir enquanto eu choro. É falta de respeito. Assumo, pois já desisti de mentir para mim mesmo. Mas fazer o que? Não posso mais fazer como antigamente e espernar. Eu amadureci, né?

Nenhum comentário: