sexta-feira, 5 de junho de 2009

Já fui casada

Imaginem estas duas situações:

Cena 1

Um happy-hour num desses barzinhos modernos, com mesas de madeira escura na calçada e pé-direito bem alto (alguém pode me explicar a origem do pé-direito?). Uma mesa repleta de jovens engravatados próxima a uma outra mesa repleta de mocinhas de scarpin, meias-calça e saias pretas.

Um dos jovens engravatados troca olhares com uma das jovens de saia preta. Ela sorri. Ele vai até ela. As amigas dela aplaudem. Os dois se apresentam, conversam, ele diz coisas engraçadas, ela ri, ele pede o número do celular, ela dá, ele diz que o sorriso dela é lindo, ela diz que gosta de homens maduros, ele diz que gosta de mulheres exatamente como ela, mas ela arremata:

- Ai, pena que você fala igualzinho ao meu ex-marido.

Ela tem 23 anos.

Cena 2

Uma sala de aula de um curso de pós-graduação. Ele está no mesmo grupo de trabalho que ela. Eles trocam informações o dia todo por e-mail, por celular, e à noite, na aula, trocam olhares.

Certo dia, os dois desceram para tomar um café e comer um croissant e ele, já desesperado de tanta paixão, se declara. Ela sorri fraternalmente e diz que ele está confundindo as coisas, que o momento não é adequado e sentencia:

- Puxa, meu casamento acabou há pouco tempo, não quero me prender de novo tão cedo.

Ela tem 25 anos.

Eu não fui o infeliz protagonista dessas histórias, mas posso garantir que elas aconteceram. E cenas como essas se repetem diariamente e cada vez mais.

Tenho percebido um certo orgulho nas meninas em afirmar, com olhar altivo e seguro que já foram casadas. Elas têm ostentado isso como se fosse um rótulo de maturidade e experiência, uma espécie de mensagem subliminar para os pretendentes que diz: Olha, para ficar comigo você tem que ser no mínimo o máximo.

Gostam tanto de ostentar o rótulo de ex-casada que nem precisa ter sido casada de fato. Morou cinco meses com um sujeito e pronto, foi casada.

O engraçado é que todas essas adeptas do orgulho "já fui casada", que compete um certo ar de maturidade à elas, são extremamente imaturas.

Menininhas brincando de casinha e desfilando futilidade travestida.

Como dizia um saudoso amigo:

- Meus sais, onde estão meus sais?

4 comentários:

Jalex disse...

Pé-direito. Me dei ao trabalho de pesquisar e descobri que esse direito não tem a ver com o esquerdo, e sim com o ângulo =) Direito, reto.
Tmb descobri a origem da palavra meio-fio. Impressionante como as palavras ficam e a explicação não perdura como a outra. Bom, (muito) antigamente o escoamento do fio de água era feio no cento da rua. Ao ser transferido para as laterais, ficaram dois meio-fios. =)

Unknown disse...

De certa forma algumas "menininhas" realmente carregam consigo um troféu de ex-casada, mas por serem meninas(não mulheres)talvez não tenham culpa de serem assim...Falo com toda propriedade do assunto pois trago comigo a experiência,os traumas,as consequências de um dia ter sido a Srª Melo(sobrenome do finado).Sei o quanto me custaram cada hora de dedicação,renúncia,afetividade,zelo,etc...Em troca de um pacto ou uima aliança no dedo que,a vista dos olhos alheios era sinônimo de respeito,de uma conquista,de um prêmio(já que casar é qusae uma loteira).Mas falo de peito aberto e coração maduro,por que sei o que que quero,e o que realmente quero (e acho que nós "mulheres" quermops de fato)é ter o respeito,a admiração,a cumplicidade,o carinho e acima de tudo o amor que dedicamos a esses "ex-maridos".Então não me sinto carregando um troféu,mas sinto que carrego comigo a certeza do que quero,e o que quero,é apenas SER FELIZ!

Carol Cocota disse...

Cocoto, reapareci.
Saudades de vc. Apareça tb.
Bjoca!

Anônimo disse...

É... antes só do que mal-casada, ou melhor, ex-casada...
Ótimo texto!
Bjim!