sexta-feira, 27 de junho de 2008

A fruteira está na moda...


Mais um fenômeno da TV, tão descartável como todos os outros, agora surgem por aí mulheres-fruta para povoar o imaginário lascivo dos pobres homens. E mulheres também, por que não?
Passei em frente a uma banca de jornais e vi, pasmado, é claro, gigantescos glúteos na capa de famosa revista de mulher pelada. A legenda dizia que era uma tal Mulher-Melancia, que graças aos predicados e objetos direto da moça, dispensa-se a explicação do epíteto.

Não sei o que a moça faz da vida, não sei se é atriz, cantora de funk ou assistente de palco de algum programa, mas se a genética (ou a medicina) foi generosa com a menina e se ela não se importa em ser uma Pagu da desvalorização feminina, qual o problema de estampar seus glúteos para a patuléia enfurecida?

Em outra revista, na mesma banca, anunciavam com bastante entusiasmo a iminente publicação de uma tal Mulher-Moranguinho do jeito como veio ao mundo. Olhei bastante a foto da moça, mas neste caso não fui capaz de associar as similaridades entre a frutinha e a retumbante menina. Pensei na pele do morango, com diversos buraquinhos e tentei uma analogia com a celulite. Mas lembrei que as pessoas ainda não atingiram ainda um nível de evolução humana suficiente para colocar uma moça com celulite ululante na capa de revista de mulher pelada. Então não poderia ser essa a ligação.

Eu gosto de mulher com celulite. Questão de lógica: TODA mulher tem celulite. Eu gosto de mulher. Portanto, gosto de celulite. É claro que para tudo tem limite.

Não faço idéia porque a Mulher-Moranguinho ganhou este apelido. Como, assim como sua colega, também não faço idéia do que ela faça. Mas isso não importa de qualquer maneira. Eu nunca irei encontrar com nenhuma das duas por aí, então que cada uma fique na sua fruteira.
Agora, eu conheço diversas outras Mulheres-Fruta por aí.

Aqui no prédio onde trabalho, por exemplo, também trabalha a Mulher-Pêra. Ela possui a cabeça pequena e longilínea, um tórax curto e um quadril imenso. Gigante mesmo. De longe, uma pêra. De perto, também.

Nos meus tempos de escola estudei com a Mulher-Laranja. Além da pele grossa, marcada por espinhas, ela gostava de, bem, ela gostava que os meninos fizessem com ela exatamente o que se faz com uma laranja.

Na faculdade havia a Mulher-Jabuticaba. Por motivos parecidos com a descrita acima.

Enfim, bobagens.

Qual será a próxima invenção midiática para vender mocinhas (e revistas) de bom acabamento? Mulher-Fruto-do-mar? Mulher-Papelaria? Mulher-Supermercado? Mulher-Minerais?

Mulher-Celulite?

Duvido.

domingo, 22 de junho de 2008

Crescendo

- Pai.
- Oi filho.
- Posso perguntar uma coisa?
- Claro filho.
- Quando eu for grande, eu vou ter que colocar gravata todo dia?
- Não necessariamente filho. Vai depender de onde você trabalhar.
- Hummm…
- Por quê?
- Por nada.
- Você não gosta de gravata?
- Ah…fica engargejando.
- Hehehehe, enga-o quê?
- Engargejando. Não dá pra respirar.
- Mas desde quando você usa gravata pra saber?
- Não uso, mas uma vez amarrei uma fronha pra ver como ficava e não conseguia respirar. Muito ruim.
- É filho, não posso falar que é das coisas mais confortáveis. Mas você se acostuma. Alem do mais, nos melhores trabalhos você tem que usar gravata.
- É mentira.
- Como assim mentira?
- Astronauta não usa gravata.
- É verdade. Astronauta não usa. Mas o resto usa.
- Bombeiro também não.
- Ok, ok, mas são poucos.
- O tio que controla a fila no Hopi Hari também não.
- Eu entendi. Você está certo.
- Nem o Ronaldinho. Ele só usa gravata quando vai ganhar prêmio.
- É verdade.
- Também, imagina que engraçado se ele jogasse de gravata. Ele correndo com ela pendurada voando?
- Ia ser engraçado.
- E se ele fizesse um gol de gravata. Pai, gol de gravata vale?
- Olha filho. Desde que a gravata não esteja em posição irregular deve valer sim.
- Quê?
- Valeria sim filho. Se vale de chuteira vale de gravata né. É tudo roupa.
- É verdade. Pai, quando eu for grande, eu vou poder pular no pula-pula?
- Só se for um pula-pula bem grande.
- Legal. Adoro pula-pula. E ganhar brinquedo? Eu vou ganhar brinquedo quando for grande?
- Ah filho, aí depende de quem for te presentear. Mas nada impede.
- Mas porque você nunca ganha brinquedo pai?
- Porque sua mãe acha que basta o tanto que eu brinco com os seus.
- E ela não gosta quando você brinca comigo pai?
- Gosta sim filho. Mas não o tempo todo.
- Porque pai?
- Porque se brincarmos o tempo todo não sobra tempo pra ela.
- Pra brincar com ela pai?
- Isso filho. Pra brincar com ela.
- E de que vocês brincam pai?
- Errr…de muitas coisas filho. Depende do dia.
- Depende do dia?
- É filho. Se sua mãe teve um dia bom, brincamos de uma coisa, se foi muito bom, de outra. Se é dia que chego tarde não brincamos de nada.
- Entendi. É que nem eu e a carlinha então. Quando a mãe dela briga com ela nós não brincamos. A mãe dela não gosta que ela brinque só comigo e não fique com ela.
- Isso filho. Comigo e sua mãe é quase igual.
- É difícil né pai.
- É filho. É difícil.