sexta-feira, 25 de abril de 2008

É um pássaro? É um avião?

Não. É apenas um padre estúpido.

Estão dizendo que seria cômico se não fosse trágico. Pois eu acho cômico de qualquer maneira.

Nesse turbilhão de desgraças e sensacionalismos, de crianças arremessadas pela janela em São Paulo (que a imprensa divulga), de crianças estupradas, torturadas e mortas no nordeste (que a imprensa não divulga), é uma certa bênção que apareça um padreco estúpido para nos fazer rir um pouco.

Até o momento que escrevo, o cenário é o seguinte: um padre do Paraná resolveu bater o recorde de permanência no ar em balões de festa. O sujeito queria ir de Paranaguá até Ponta Grossa pendurado em balões de festa(!). O vento o levou para o mar e o cretino está desaparecido.

Se a idéia dele era entrar para o Guinness Book, acho que vai conseguir. Na categoria estupidez, é claro.

Mas deixe-me reconhecer que o padreco ao menos era (no passado, porque acho que no mínimo, ele morreu) um cidadão precavido: alçou vôo equipado com GPS e telefone via satélite. O porém é que o infeliz não sabia operar um GPS e o telefone estava com a bateria fraca. Ele merece o título de sujeito mais estúpido do mundo com louvor.

Havia também uma causa social que o pusilânime queria levar aos céus: divulgar a Pastoral Rodoviária, que até onde eu li, apóia os caminhoneiros.

A besta quadrada faz um vôo estúpido com balões de festa para divulgar uma ajuda a caminhoneiros? Caminhoneiros? Se ainda fosse para divulgar alguma pastoral que ajudasse os aeronautas até que tudo bem, mas caminhoneiros?

Então por que o idiota não fez um jejum na caçamba de um caminhão e cruzou o país nas estradas? Teria mais a ver com a Pastoral Rodoviária do que um vôo com balões de festa(!), embora o jejum cruzando o país também seja uma idéia de jerico.

É impossível não fazer troça com o ocorrido. E pelo que eu vi aí nos jornais, o Padre Cururu não era muito humilde em suas posições. Havia, inclusive, sido convidado a se retirar de um curso de aviação por não freqüentar as aulas. Principalmente a aula de meteorologia. Sim, é pra rir mesmo. O sujeito se julgava um expert.

A seqüência de burradas do vigário é tão absurda que parece coisa de filme. Um filme de comédia, claro. Steve Martin ficaria perfeito interpretando o nosso intrépido aeronauta de balões de festa(!).

É cada uma que acontece... ao menos o indivíduo levou sua mensagem bem longe. O mundo inteiro está comentando a aventura do padre.

Comentando e morrendo de rir. O padre virou motivo de piada.

Mas ouvi na padaria uma senhora em trajes bastante beatos que na verdade aquele era um padre santo. E que quando subiu com seus balões coloridos, deus o tomou na palma da mão e ficou com ele lá no céu.

A estupidez não tem limite.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sobre Mulheres e Futebol

Um final de tarde comum na cidade. Dois amigos se encontram no bar da esquina, no bairro da balada, para tomar um chopp e conversar um pouco. Um deles está com problema de relacionamento com a esposa, e o outro com dificuldade de lidar com o chefe que insistentemente o chama de burro na frente dos colegas.
- Como estão as coisa?
- Na mesma, ainda estou no emprego de merda com o chefe de merda.
- Que saco.
- Pois é.
- Viu o jogo ontem?
- Sim, uma vergonha. Empate com o Rio Claro. Imperdoável.
- Não era esse jogo, mas o Timão levou a Lusa numa boa.
- Graças ao Felipe.
- Ele joga em que time?
- Ok, entendi
.- Não se preocupe. Logo o Verdão melhora.
- Não precisa rir. Vai melhorar e muito. O Brasileiro esse ano é nosso.
- Isso eu não sei, mas a série B é nossa com certeza.
- Vai pensando que é fácil vai. É uma pedreira mano. Cada jogo uma guerra.
- Se vocês conseguem nós também conseguimos.
- Sei.
- Já falou com a sua esposa.
- Não.
- Que houve.
- Preguiça.
- Você tem que resolver isso logo.
- Eu sei.
- Está assistindo o BBB?
- Não muito.
- Cada gostosa meu.
- Todo ano é assim.
- E daí. Lindo de assistir.
- Li hoje que logo sai a revista de uma delas.
- Mês que vem.
- Vai comprar?
- Certamente.
- Empresta?
- Nunca.
- Porque.
- Revista de mulher pelada não se empresta.
- Porque não?
- É um bem particular.
- Jesus. Você é um adolescente.
- Pelo menos não sou corno.
- Suposto corno. Melhor isso do que burro.
- Já viu corno inteligente?
- Não.
- Está acompanhando a Liga dos Campeões?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O bruto e a tara

Quando eu era criança, nas viagens de carro que fazíamos para o interior, eu tinha a mania de contar quantos, por exemplo, Fuscas eu via durante o trajeto. Eu também me impunha a meta de ver ao menos um caminhão Volvo exatamente igual ao que eu possuía em miniatura. Outra coisa que eu gostava de fazer era analisar os números pintados ao lado dos caminhões, no tanque de gasolina, creio eu.

Eram sempre dois números muito grandes. Um era um tal de Lot. e o outro era uma tal de Tara.

Eu ficava de olho nos caminhões que passavam para saber quem seria o campeão de maior Lot. ou o de maior Tara, e dava-lhes algum prêmio imaginário.

Demorou muitos anos para eu saber o que significavam aqueles malditos números, mas não demorou muito para eu conhecer a palavra tara em outro contexto. Eu só não entendia como um caminhão poderia ter tara. Tara para mim era aquela coisa que dava vontade de fazer quando a gente via a Elisabete na escola. Eu não sabia direito o que dava vontade de fazer, mas sabia que não era muito bom comentar, principalmente em casa.

Mas a Tara do caminhão, para quem nunca teve a curiosidade de saber de que se trata, é simplesmente a subtração do peso bruto pelo peso da carga. Em outras palavras, o peso do caminhão vazio. Simples assim, a Tara.

Lembrei disso tudo porque flagraram o chefão da Federação Internacional de Automobilismo explorando a sua tara. Ele não subtraiu o bruto pelo líquido, como nos caminhões, mas podemos dizer que ele misturou um pouco dos dois.
O sujeito foi flagrado vestido de comandante nazista num quarto com algumas moças do ramo. Parece que teve chicotinho, e palmadas no bumbum.

Então o mundo diz: Oh, que coisa terrível, uma pessoa tão séria fazendo essas safadezas! E vestido de nazista ainda!

Eu já acho que o senhor Max Mosley (o nome do dito cujo) pode fazer o que bem entender. Tara todo mundo tem, e se o cara não reprime as dele, tanto melhor. Tem gente reprimida demais nesse mundo.

E já está na hora de desmistificar essa coisa de nazismo. Vestir-se de Cossaco pode. Vestir-se de Cavaleiro Templário pode. Vestir-se de Pol Pot pode. Vestir-se de Churchill pode. De nazista não pode.

Se entre quatro paredes o cara quer ser o Hitler, que seja, oras. Tara é tara. E não vejo nisso apologia nenhuma ao nazismo. Vejo até uma certa ridicularização. Some-se a isso o fato de que o pai do senhor Mosley era amigão do Hitler. O que será que o menino Max viu na infância que possa ter influenciado as suas taras?

Aposto que, se na época de Hitler já existisse celular com câmera, o bruto ditadorzão tava lascado.