domingo, 31 de janeiro de 2010

Só um bombom...

- Aquele desgraçado só pode estar querendo me deixar louca.

- Calma Rita. Não vai ficar assim por causa daquele babaca.

- Ah Nanda não é possível. Ele só pode estar brincando com a minha cara.

- Não é pra falar que eu te avisei mas eu avisei.

- Mas com ele era tão diferente. Ai como eu sou uma idiota mesmo. Em pensar que acreditei que pudesse até dar casamento.

- Ai amiga eu queria tanto que você estivesse certa. Mas eles sempre fazem esse tipo de coisa. Você lembra do meu caso com o Pedrinho né.

- Lembro!

- E com o João Carlos.

- Sim, sim.

- E com o Paulinho, o Adalberto e com aquele cara que transava com um pé de meia social.

- Tá, tá, tá. Não precisa me relembrar todas suas aventuras sexuais.

- Desculpa. É que eu não me controlo.

- Sabe Nanda, com ele tudo foi melhor. Tudo certo. Não foi a toa que eu falei pela primeira vez “Eu te amo”.

- Primeira vez? Jura?

- Sim.

- Mas e todas aquelas vezes com o “Rocko”.

- Com o “Rocko” não conta. Eu só falava por que ele sempre me dava orgasmos multiplos.

- Ah bom.

- Mas dessa vez não. Falei mesmo ele não sendo tão bom de cama assim. Mesmo tendo aquela mania de estalar os dedos dos pés e mesmo não sendo nem de perto tão gostoso quanto o “Rocko”.

- Ai o “Rocko”. Por que você terminou com ele mesmo?

- Ele nunca aprendeu meu nome Nanda.

- Mas não dava pra dar um pouco mais de tempo pra ele.

- Eu tentei por seis meses. O que mais você queria???

- É você tá certa. Mas é que ele era tão…tão…

- Nãn. Chega. Só me faltava essa agora. Eu com um problemão e vc falando do “Rocko”

- Você tá certa. Desculpa amiga.

- Mas então. A noite foi ótima. Ele estava lindo, o cabelo todo pra trás, cavanhaque desenhadinho e aquela camisa de cetim que dei pra ele. Cavalheiro, abriu a porta do carro, me serviu vinho e me deu o lado de dentro da calçada para eu andar. Especialmente romântico. Até a Lua que estava cheia parecia ter sido encomendada por ele pra deixar a noite mais mágica.

- Mas o que deu errado?

- Bem. É melhor perguntar o que deu certo. Depois da sobremesa ele já tomando o café dele como usual, segurou minha mão e ficou olhando fundo nos meus olhos. Me disse como eu estava linda, e como nunca tinha admirado tanto uma mulher.

- Ok. Mas até aí estava tudo perfeito.

- Sim. Mas eu envolvida por tudo isso não me aguentei a acabei falando as famosas três palavras.

- Vamos dar uma?

- Não sua besta. Eu te amo.

- Eu também te amo Ritinha. Mas o que você falou pra ele?

- Não você Nãn. Falei que eu amava ele.

- Você não me ama. E eu pensando que éramos melhores amigas! Depois de anos de amizade…

- PÁRA! PÁRA! PÁRA! Nãn. Eu te amo também. È que estou falando de outra coisa. Afinal dá pra ter um pouco mais de foco em mim por favor.

- Tá bom, tá bom. Desculpa.

- Voltando ao meu problema. Depois de ter falado que o amava você sabe o que ele me falou?

- O que?

- Obrigado.

- De nada. Mas o que ele falou?

- ELE DISSE OBRIGADO. Nãn, presta atenção. Eu disse “eu te amo” e ao invés de ele falar “eu também” ele me agradeceu.

- Noooooossa. Que cafajeste. Como é canalha. E o que você fez?

- O que eu fiz? O que eu podia. Meu reflexo foi sair de lá na hora. Mas o restaurante era longe da minha casa e eu tava com aquela minha sandália preta com strass na tira sabe?

- Sei. Nem moooorta você chegava em casa com aquela sandália. Aliás você pode me emprestar, vou numa festa sábado e combina tanto com aquele meu vestidinho preto sabe.

- Sei sim. Vai ficar linda.

- Então. Dai você fez o que?

- Bem. O que pude. Esperei ele pagar a conta e pedi pra me levar pra casa.

- E depois disso? Vocês se falaram?

- Ele me ligou no telefone mas não atendi. Daí hoje ele me deixou um presente na portaria. Um bombom. Você vê que cara de pau. Além de tudo ainda é mesquinho. Não me trouxe nem uma caixa.

- É amiga. Não tem jeito. Parece que não é dessa vez . Bem, agora tenho que ir. Vou almoçar com um cara que conheci no ponto de ônibus hoje, uma gracinha. Mas não fica assim. Ele vai pagar por isso. Vou falar com aquela minha prima do terreiro e teremos sua vingança.

- Ai brigado amiga.

- Beijinho linda. Força. Posso levar o bombom?

- Não força né Nãn.

- Não custa tentar né….vai saber, você tá com raiva dele…

- Tchau nandinha.

Doze dias depois Rita não aguentando mais de chorar e xingar seu ex-amado teve que apelar ao bombom. Nada melhor que chocolate para curar dor de amor. Ao abrir a embalagem se surpreendeu encontrou uma aliança seguida da seguinte mensagem:

Rita, me desculpe por ser ruim com as palavras. Essa foi a maneira de te dizer que te amo. Case comigo.